OS ÚLTIMOS FAROLEIROS DO CANADÁ

Uma visita aos faróis da Colúmbia Britânica, no Canadá que há cento e cinquenta anos vigiam as águas do Oceano Pacífico. Os faroleiros que os mantêm vivem isolados do mundo, sózinhos entre a floresta e o mar

Judy e Gordon vivem com o filho no farol de Langara, no extremo norte da costa canadiana do Pacífico, apenas a dez quilómetros da fronteira do Alasca. Vivem isolados do mundo, em plena natureza, sózinhos entre as falésias e a floresta. Um helicóptero da Guarda Costeira canadiana assegura o reabastecimento, uma vez por mês. Têm reservas suficientes para subsistir durante quatro meses, no caso de alguma tempestade prolongada. Para além disso, os seus únicos contactos com o resto do mundo são efectuados através do rádio, durante as férias ou em raras idas ao encontro da civilização.
Gordon toma meticulosamente conta do farol, faz o registo diário do boletim meteorológico, e assegura a vigilância da costa. É ainda ele que observa os sinais de "tsunamis", essas ondas gigantes que por vezes varrem o litoral do Pacífico, que segue com o seu pequeno bote de alumínio os mamíferos marinhos daquela extensa parte virgem da costa da Colúmbia Britânica, e faz os trabalhos de manutenção mais pesados.
Judy tem um pequeno rebanho de cabras, algumas galinhas e uma horta. É também ela - ex-professora universitária de Economia - que se ocupa sózinha da escola do filho.
Muito mais do que um trabalho, o casal escolheu uma forma alternativa de vida. Não se arrependem, embora saibam melhor do que ninguém que não é o paraíso na terra. O isolamento pesa de tal forma na vida dos que vivem mais afastados que no Canadá até existe um nome para essa doença da solidão: chamam-lhe a febre das cabanas.
Este estilo de vida está agora cada vez mais ameaçado pela progressiva automatização dos faróis, que o governo tem vindo a empreender desde 1994. Os faroleiros lutam para preservar o seu trabalho e o património à sua guarda. Mas sabem que são os últimos faroleiros ...