Chamada Para a Morte
Um admirável exemplo da mestria do génio de Hitchcock
Tony Wendice, um antigo campeão de ténis, vive confortavelmente graças ao dinheiro da sua rica esposa, Margot Wendice. Ao descobrir que ela tem um romance com Mark, um escritor americano, decide matá-la e ficar com o dinheiro dela. Faz chantagem com o capitão Lesgate, um velho amigo dos tempos da universidade que se transformou num oportunista sem escrúpulos, com o objetivo deste assassinar a sua mulher em casa, simulando um assalto. Mas o plano falha, porque é Margot no meio da confusão que mata Lesgate. Tirando partido da situação, Tony, baralha habilmente as pistas de forma a incriminar a mulher, que é presa e condenada pelo assassínio de Lesgate, partindo-se do princípio que ele fazia chantagem sobre ela devido ao seu caso com Mark. Aparentemente, nada pode salvar Margot da forca, mas o astuto inspetor Hubbard não acredita na sua culpabilidade e, com a cumplicidade de Mark, monta uma engenhosa armadilha que acaba por desmascarar Tony.
"Chamada Para a Morte" foi produzido em 1954, no mesmo ano em que Alfred Hitchcock assinava o genial "Janela Indiscreta", e originalmente filmado em 3 dimensões. Mas esta surpreendente novidade técnica dos anos 50 estava longe de atingir a perfeição dos nossos dias e o filme acabou por ser distribuído comercialmente em cópia normal. Baseando-se numa peça teatral de Frederick Knott, "Chamada Para a Morte" é um filme praticamente de um só "décor", embora ao fim de cerca de hora e meia de projeção ninguém tenha sentido qualquer aborrecimento, tal é a prodigiosa construção cinematográfica de Hitchcock, que nem sequer se sujeitou de forma significativa ao processo técnico das 3 dimensões, o chamado cinema em relevo, que geralmente apontava para uma "mise en scène" que leva tudo a reboque do efeito de choque. Exceção para a celebérrima cena da morte de Anthony Dawson com a tesoura cravada nas costas. "Chamada Para a Morte", filme de que Hitchcock parecia não gostar particularmente, foi um estrondoso sucesso comercial e continua, hoje, a ser um admirável exemplo da mestria do génio de Hitchcock, que sempre soube manipular o espectador de forma portentosa e inimitável, mesmo quando tudo parecia absolutamente linear e óbvio. Com Grace Kelly no principal papel, este foi o primeiro de três filmes em série interpretados pela bela e talentosa atriz e futura Princesa do Mónaco, que assim se tornava numa das mais emblemáticas louras do cinema de mestre Hitchcock.
Ficha Técnica
- Título Original
- Dial M For Murder
- Intérpretes
- Ray Milland,Grace Kelly, Robert Cummings, John Williams, Anthony Dawson, Leo Britt, Patrick Allen
- Realização
- Alfred Hitchcock
- Produção
- Alfred Hitchcock
- Autoria
- Frederick Knott
- Música
- Dimitri Tiomkin
- Ano
- 1954
- Duração
- 105 minutos