O Quarto Mandamento

Um prodígio da grande arte de Orson Welles

George nasce no seio da orgulhosa e imperial família Amberson, sendo educado na velha tradição aristocrática. O seu pai é o pacato Wilbur Minnafer e a mãe, Isabel Amberson, tem um admirador que é também um amigo da família, Eugene Morgan, inventor de automóveis, cujos avanços amorosos sempre rejeitou. Eugene, que é viúvo, tem uma filha, Lucy, por quem o arrogante George se apaixona. Quando o seu pai morre e a mãe pretende casar com Eugene, o seu primeiro e grande amor, George opõe-se determinantemente e parte com a mãe para a Europa. Esta regressa moribunda e à sua morte segue-se a ruína financeira, o que obriga George a trabalhar para se manter a si e a uma tia. Um dia, envolve-se num grande acidente e Eugene, acompanhado pela filha, vai em seu auxílio, o que vai permitir que todos se possam reconciliar.

"O Quarto Mandamento", produzido, escrito e realizado por Orson Welles em 1942, foi a sua segunda longa metragem depois de "O Mundo a seus pés". Mas, desta vez, as coisas não correram tão bem para o criador cinematográfico, apertado e dominado pelos produtores, que acabaram por modificar toda a sequência final. Porém, mesmo alterado por vontades alheias à sua conceção e construção, "O Quarto Mandamento" é um prodígio da grande arte de Welles, que muitos sustentam ser ainda mais impressionante que ?O Mundo a seus pés?. Espantosa adaptação ao cinema de um romance de Booth Terkington, ?O Quarto Mandamento? é uma visão terrivelmente irónica dos desígnios do orgulho arrogante e intransigente, confundido com código de honra. Mais do que narrar a trajectória de um homem, Welles cria um autêntico mergulho shakespeariano que, quer na forma quer na sua densa carga de tragédia familiar, se aproxima das obras que no futuro iria recriar do imortal dramaturgo inglês. Uma obra-prima do Cinema, que é o único filme de Welles em que ele não surge como ator, talvez para tudo dominar com a sua portentosa narração ?off?, cujo destaque vai para as duas notáveis interpretações de Joseph Cotton e Agnes Moorhead.