Gente sobre água - Soi Seong Yan

Um outro olhar sobre Macau.

Quem visita Macau, observa o território no sentido terra - mar.
Diferente é o ponto de vista do pescador que, por viver junto à costa, sempre olhou Macau do lado da água.
No delta do Rio das Pérolas, situa-se um dos grandes pólos do desenvolvimento asiático do fim do milénio.
Neste região do sul da China, contudo, existem ainda grupos populacionais para os quais esta imagem de progresso é apenas paisagem.
Este é o caso da comunidade piscatória de Macau, mais própriamente do grupo dos Soi Seong Yan, pescadores tradicionais que tripulam e habitam velhas embarcações. Para estes, o território é o enquadramento natural do seu porto de abrigo.
Esta comunidade mantém tradições centenárias.
Para tal contribuiu , por um lado, a liberdade de religião e culto que permitiu a sobrevivência das artes tradicionais e dos rituais específicos destes pescadores.
Por outro lado , a falta de investimento no sector das pescas por parte da administração portuguesa, que deixou intactas certas formas de negociação e estruturas genuinamente chinesas.
As tradições e o modo de vida perduraram , mas por quanto tempo mais?
Sem condições económicas para investir na actividade piscatória, na modernização dos barcos e dos aprestos marítimos, os pescadores tradicionais têm como único recurso refugiar-se em terra.
O eminente desaparecimento do grupo dos Soi Seong Yan justifica este documentário, onde se procurou registar esta realidade.
Locução de Jorge Moreira