08 Jun 2022
Se no seu projecto de rebentar com todas as convenções o Movimento Surrealista chegou a defender fazer arder os museus, o tempo acabou por colocar as obras maiores do surrealismo nas paredes dos museus: reféns de uma consagração que o Manifesto de Breton (1924) e os seus directos seguidores execrariam. Neste sentido, Dalí, o maldito, o proscrito do Movimento Surrealista, triunfou: foi, afinal, o seu desejo de integrar o elenco dos "clássicos" que acabou por vingar. Eis o ponto de vista de Aires Almeida, o investigador em Filosofia da Arte, que debate com Rui-Mário Gonçalves, o crítico e autor em arte portuguesa contemporânea, sobre o que foi o Movimento Surrealista, lá fora e cá dentro, e sobre por que razão o interesse por este movimento está outra vez ao rubro: de Norte a Sul do país, uma dezena de exposições e acontecimentos repescam os grandes do Surrealismo português.