O Intendente Sansho

Filme vencedor do Leão de Prata no Festival de Veneza em 1954 e baseado na versão de uma velha lenda japonesa, um dos filmes mais densos e misteriosos de Kenji Mizoguchi

O Intendente Sansho, do grande mestre do cinema japonês Kenji Mizoguchi e vencedor do Leão de Prata no Festival de Veneza em 1954, baseia-se na versão de uma velha lenda japonesa escrita pelo romancista Ogai Mori (1862-1922). Considerado um dos filmes mais densos e chocantes de Mizoguchi, é um retrato da pobreza e uma visão crítica sobre o lugar das mulheres no Japão.

No Japão medieval, o governador Masauji Taira (Masao Shimizu), um homem bondoso, é enviado para o exílio por defender os camponeses pobres. A sua mulher, Tamaki (Kinuyo Tanaka), e os dois filhos, Zushio (Yoshiaki Hanayagi) e Anju (Kyoko Kagawa) vão ao seu encontro mas na viagem são enganados por traficantes de escravos. Tamaki é levada para a longínqua Ilha de Sado, onde é forçada a prostituir-se. Anju e Zushio são vendidos como escravos ao cruel intendente Sansho (Eitaro Shindo) e vão para um campo de trabalho, onde crescem entre a violência e a opressão.
Passaram-se dez anos, quando uma escrava vinda de Sado começa a cantar uma triste canção que fala de Zushio e Anju, uma canção que se tornou popular em Sado, e que teria sido originalmente cantada por uma cortesã. Anju reaviva a esperança de encontrar a mãe. Para ajudar o irmão a fugir do campo, Anju distrai os guardas e acaba por sacrificar a sua vida.
Em Quioto, o jovem consegue provar ao conselheiro do imperador que é filho de Masauji Taira, e fica a saber que o pai já deixou esta vida transitória. Zushio é nomeado governador da província onde se situa o campo de trabalho do intendente Sansho, e decide banir a escravatura, confiscar a propriedade e libertar todos os escravos. Com o objetivo cumprido, Zushio renuncia ao cargo e parte para a Ilha de Sado à procura da mãe.