Neil Jordan a reinventar os velhos contos infantis de terror, de um ponto de vista adulto, numa fábula fantástica de grande impacto visual
Rosaleen, uma jovem e ousada adolescente, recusa-se a sair do quarto, apesar dos apelos da irmã, e adormece no meio das bonecas e dos ursos de peluche. Sonha com a irmã a ser perseguida num bosque por uma alcateia de lobos, que acabam por matá-la. Depois do enterro, Rosaleen, decide acompanhar a avó até à cabana dela. Junto à lareira, a velha senhora conta-lhe histórias de lobisomens e fala-lhe dos perigos que a aguardam, se não souber manter-se no caminho certo, na floresta e na vida. Rosaleen ouve várias e insólitas histórias, todas elas envolvendo lobos, e decide aventurar-se sozinha na floresta, fora dos caminhos seguros.
A Companhia dos Lobos é uma fascinante fábula em que se recria, de forma muito especial, o fantástico universo dos contos de outros tempos, quando as meninas visitavam a avozinha que vivia numa cabana nos confins da floresta. Uma original e admirável evocação da lenda do Capuchinho Vermelho e, naturalmente, do universo de Perrault. Inteiramente rodado em estúdio, A Companhia dos Lobos, para além de contar com um excelente lote de atores, nomeadamente Angela Lansbury, David Warner e Stephen Rea, é um filme de espantosa construção cénica e visual, da fotografia à direção artística, passando pela caracterização. Uma realização do talentoso Neil Jordan que reinventa os velhos contos infantis de terror a partir de um ponto de vista adulto, onde o Capuchinho Vermelho se sente irresistivelmente atraída pelo Lobo Mau, num misto de horror e sensualidade, entre as atmosferas de Cocteau e Carpenter.