Ilha Chueta

Discriminação. Humilhação. Estigma. O fascinante legado de um grupo único de famílias da ilha balear de Maiorca

Discriminação. Humilhação. Estigma. Muitos maiorquinos católicos nativos com herança judaica sofreram durante séculos. O documentário revela conflitos recentes na única sinagoga da ilha e explora muitos aspetos históricos da Inquisição e o seu efeito nas infames quinze linhagens familiares.
Os Chuetas são um grupo único de famílias da ilha balear de Maiorca que se acredita serem descendentes da população judaica da época da Inquisição. Embora fossem católicos praticantes, foram discriminados até meados do século XX, sempre obrigados a casar com pessoas do seu subgrupo populacional.
A nossa história acompanha Dani Rotstein, uma expatriada judia-americana que se mudou para a ilha e ficou fascinada com a história. Atualmente, Rotstein trabalha como ativista social e cineasta na ilha, onde utiliza as descobertas da sua investigação para ajudar a reconstruir a comunidade. Quando a Inquisição decretou a expulsão dos judeus de Espanha, em 1492, oficialmente já não havia judeus nesta ilha do Mediterrâneo. Em 1435, toda a comunidade judaica passou por um batismo em massa para os salvar de mais perseguições. Mas, muitos convertidos ? ou "criptojudeus" ? preservaram a lei de Moisés. Viveram secretamente até 1691, quando os "Autos de Fé" os viram queimados publicamente na fogueira, perante a grande sociedade maiorquina. Os seus descendentes, os chuetas, são portadores de 15 apelidos duramente estigmatizados pela Igreja devido ao seu passado judaico. Marginalizados e subjugados, foram obrigados a casar entre as mesmas famílias durante séculos, um perigoso ambiente propício à transmissão de doenças hereditárias, como a "febre mediterrânica". O trauma que sofreram foi silenciado por um rígido tabu social, fomentado até pelos próprios, ávidos de esquecer para sempre o seu passado sombrio.
Apesar da profunda rejeição, traços da gastronomia judaica podem ser observados na comida popular maiorquina, e acredita-se até que produtos mundialmente famosos como a "ensaimada" possam ter raízes judaicas. Os chuetas utilizavam banha ou sobrasada (salsicha de porco) na sua preparação, para simbolizar o seu fervoroso catolicismo e mostrar que tinham deixado para trás os costumes dos seus antepassados.