HISTÓRIAS DA VIDA COMO ELA É
A Coroa de Orquídeas
Quando a mulher entrou em agonia, ele caiu em crise. Atirou-se para cima da cama aos soluços, debatia-se nos braços de amigos e vizinhos.
Por fim, teve notícia da morte da mulher e, no meio do desespero, até pediu um revólver, pois queria meter uma bala na cabeça. Depois, perante a dor da morte, recusou-se a tratar de qualquer assunto relacionado com o enterro.
Na altura de ter que escolher a coroa, o cunhado telefonou-lhe para lhe perguntar que flores queria e para o informar do preço das variadas flores. Depois de escolher umas que lhe ficariam mais baratas, pediu ao cunhado que escrevesse uma dedicatória sentida: "À Isménia, saudade eterna do teu Juventino". No dia do velório, Juventino não se cansava de gabar a mulher, a defunta, mas que, em vida, tinha sido a melhor das esposas, a mulher mais recatada. Tudo isto os amigos e familiares ouviam com admiração. Até que, vinda não se sabe de onde, aparece uma coroa enorme. linda e caríssima, que deixa Juventino boquiaberto. Na dedicatória, uma inscrição, no mínimo estranha: "À inesquecível Isménia , com todo o amor de Otávio". Quem era Otávio?
Inesquecível, porquê?
Num rompante, Otávio, viúvo enganado, sai e regressa empunhando uma faca que, num acto tresloucado, enterra nas costelas da defunta, que parece rir.
Ficha Técnica
- Título Original
- HISTÓRIAS DA VIDA COMO ELA É
- Realização
- Fernando d¿Almeida e Silva
- Produção
- Lusa Filmes
- Autoria
- Nelson Rodrigues
- Ano
- 1998
- Duração
- 25 m minutos