Banif avança com venda da participação do Estado perante ameaças de Bruxelas

por RTP
O banco liderado por Luís Amado tem convidado investidores europeus e norte-americanos a participar na operação David Mdzinarishvili - Reuters

O Banif já deu início ao processo de venda da participação que o Estado detém no banco. Em causa, os 700 milhões que o Tesouro investiu na instituição em 2013. O Jornal de Negócios noticia que tem sido dado acesso a informação detalhada a potenciadores investidores europeus e norte-americanos. Desde janeiro, o banco perdeu mais de 85 por cento do seu valor em bolsa.

A venda está em curso. O Banif está à procura de comprador para a participação de 60 por cento que o Estado detém no banco. De acordo com o Jornal de Negócios, o Banco Internacional do Funchal avança com uma “operação acelerada”, em que os potenciais compradores terão apenas a oportunidade de fazer uma única oferta, que será vinculativa.

Para tal, o banco tem convidado investidores europeus e norte-americanos a participar na operação, a quem tem dado acesso a informação detalhada. Têm também sido realizadas apresentações temáticas com membros da gestão do banco.

O processo de venda está a ser conduzido pelo banco de investimento espanhol N+1, que tem assim em mãos a responsabilidade de vender a participação de 60,53 por cento que o Estado detém na instituição financeira.
Injeção pública

A participação pública resulta dos 700 milhões de euros que o Estado injetou na instituição em 2013, do qual o Estado é agora acionista maioritário. No entanto, as expectativas são para que o valor de venda fique abaixo da injeção de capital.

Na altura, o Tesouro emprestou ainda 400 milhões de euros em instrumentos de capital contingente, dos quais 275 milhões de euros foram já reembolsados - falta ainda devolver uma última parcela, no valor de 125 milhões de euros. Estes instrumentos, vulgarmente chamados de CoCos, permitem que o montante investido pelo Estado seja convertido em ações em casos de incumprimento. O Jornal de Negócios sublinha que Bruxelas tem “as maiores dúvidas” de que o Banco Internacional do Funchal consiga devolver os 700 milhões de euros que o Estado injetou.

Entretanto, a Comissão Europeia continua a investigar os apoios que o Estado concedeu ao Banif. A Direção-geral da Concorrência quer apurar se estas violam as regras de mercado e distorcem o mercado.

O Executivo comunitário poderá obrigar o Estado a tudo fazer para recuperar o investimento realizado. Uma obrigação que poderá mesmo conduzir à aplicação de uma medida de resolução à instituição. Um cenário que tem contribuído para a derrocada das ações em bolsa.

A instituição perdeu só na quinta-feira 31 por cento do seu valor de mercado, tendo mesmo estado a perder perto de 40 por cento durante o dia.

Num ano o banco viu resvalar mais de 85 por cento do seu valor em bolsa: as ações, que custavam mais de 0,006 euros em janeiro, valiam esta manhã cerca de 0,0009 euros. Ou seja, com um cêntimo pode comprar 11 ações do Banif.
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