Sondagem com simulação em urna mostra PàF seis pontos acima do PS

por Paulo Alexandre Amaral - RTP
Pedro A. Pina - RTP

A coligação PSD/CDS-PP encontra-se neste momento com 38 por cento das intenções de voto dos portugueses, face a 32 por cento do PS, revela a grande sondagem da Universidade Católica para a RTP, Antena 1, Diário de Notícias e Jornal de Notícias, realizada no último fim-de-semana, 26 e 27 de setembro. São resultados que a três dias das legislativas confirmam a tendência de vitória da direita patente na tracking poll realizada pela RTP ao longo das últimas duas semanas. Na sondagem desta quinta-feira, a esquerda representada por CDU e BE mantém também o fortalecimento de resultados diariamente patente nestes 15 dias.

São seis os pontos que separam a coligação Portugal à Frente (PàF) dos socialistas liderados por António Costa. O centro de sondagens da católica refere no seu relatório que os valores obtidos permitem concluir que as “estimativas propostas indicam (…) que a coligação PSD/CDS-PP tem mais intenções de voto do que o PS. Os resultados desta sondagem indicam que a Coligação PàF tinha à data da inquirição (passado fim de semana) mais intenções de voto do que o PS”. Esta sondagem não admite a possibilidade de o PS ter, à data da inquirição, mais intenções de voto do que a PàF.

Uma primeira análise a esta sondagem permite afirmar que, na comparação com os resultados dos últimos estudos de tipo tracking poll (mais focados na observação das tendências de subida e descida de cada partido do que na medição da percentagem das intenções de voto de cada um) realizados para a RTP pela Universidade Católica, se mantém a distância entre socialistas e PàF à volta dos cinco pontos percentuais.

Ainda na quarta-feira, a última tracking poll apresentava os socialistas a encurtar distâncias para PSD e CDS, mas ainda assim com 34 por cento de intenção de voto face aos 39 da coligação. Ou seja, ainda que de natureza diferente, verifica-se que a PàF perde um ponto percentual, de 39 para 38 por cento, enquanto que o PS cai dois pontos de 34 para 32 por cento.



Os resultados são a tradução das intenções diretas de voto, ou seja, "calculando a percentagem de intenções diretas de voto em cada lista em relação ao total de votos válidos (excluindo abstenção, não respostas e indecisos)". Ou seja: PàF - 28 por cento, PS - 23 por cento, CDU - 7 por cento e BE - 7 por cento.

A equipa de inquiridores sublinha que “o limite mínimo do intervalo da coligação (36,1 por cento) é superior ao limite máximo do PS (33,8 por cento). Isto significa que esta sondagem não admite a possibilidade de o PS ter, à data da inquirição, mais intenções de voto do que a PàF. Estes resultados não preveem o que vai acontecer nas eleições - apenas retratam o atual posicionamento dos portugueses (que, entretanto, poderá ou não mudar)”.

A grande sondagem da Católica revela também que não são surpresa os resultados obtido à esquerda, com a CDU (PCP-PEV) a garantir nove por cento das intenções de voto – dentro da margem revelada na tracking poll. Da mesma forma, o Bloco de Esquerda revela uma notável recuperação face a anteriores eleições, assegurando nove por cento de votos e colocando-se ombro a ombro com os comunistas.
Menos eleitores com dúvidas
A três dias do escrutínio, há entretanto um dado que ganha importância face aos valores que vinha assumindo nestas duas semanas de campanha eleitoral: o grupo daqueles que “não sabem em quem votar” e que se situava acima dos 30 por cento surge na grande sondagem desta quinta-feira reduzido a metade, com 17 por cento (15 por cento dizem que “não sabem” em quem vão votar, dois por cento “recusam responder”).

Referem os responsáveis da Católica que “a alteração de método (na tracking era por telefone e nesta sondagem é por voto em urna) poderá ter contribuído para este facto. A aproximação da data das eleições também”.



No que respeita aos pequenos partidos, aqueles que até ao momento não têm representação parlamentar, surgem o PAN (Pessoas-Animais-Natureza), PCTP (Partido Comunista dos Trabalhadores Portugueses), PDR (Partido Democrático Republicano) e Livre/Tempo de Avançar com um por cento cada. Os restantes apresentam percentagens abaixo da unidade.

Esta sondagem foi realizada nos dias 26 e 27 de setembro, no fim de semana que antecedeu a segunda e última semana de campanha eleitoral. Foram obtidos 3.302 inquéritos válidos. A margem de erro é de 1,7 por cento.
Vitória da Pàf traduzida em deputados
A sondagem desta quinta-feira estima ainda a distribuição de deputados por distritos. Dessa forma, a PàF deverá conseguir de 99 a 114 deputados; o grupo parlamentar do PS estará entre os 78 e 95 assentos; de seguida vem a CDU (15-20), o BE (12-17), o PAN (0-1) e o Livre (0-1).

De referir aqui que a Coligação atinge o maior número de votos em Lisboa (17-19), Porto (15-17) e Braga (8-10).



Esta sequência é de resto repetida pelo PS, com a seguinte estimativa: Lisboa (15-18), Porto (15-17) e Braga (7-9).

A Madeira (onde PSD e CDS correm separados e são aqui agregados nas contas finais), Leiria e Aveiro são os locais onde se prevê um maior distanciamento da Coligação em relação aos socialistas. Tendo em conta a previsão máxima na eleição de deputados, segue assim: Madeira (PàF-5: PS-2), Leiria (7:4) e Aveiro (9:7).

Ainda de assinalar que, nesta sondagem, os socialistas apenas aparecem vencedores no distrito de Setúbal, onde conseguirão de 5 a 6 deputados, contra os 4 a 5 da PàF.
Mais indecisos entre os mais jovens
De acordo com os resultados da sondagem, é entre os mais jovens que existe uma maior percentagem de indecisos.

Também assim, na análise em termos etários, o “PS é mais forte nos grupos etários mais velhos (>55 anos) do que nos mais novos”.

Uma diferença surge também nos resultados quando falamos de graus de escolaridade: a ”intenção de votar é mais forte entre as pessoas com maior grau de escolaridade” e o “PS tem mais apoiantes entre as pessoas com menor grau de escolaridade”.

Nesse sentido, os estatísticos da Católica assinalam que “uma maior participação de pessoas com menos instrução poderá levar a uma subida do PS”.

Já em termos de género, a diferença entre homens e mulheres manifesta-se: 1. a percentagem de mulheres indecisas quanto a votar ou não votar é superior (13 por cento vs nove por cento); 2. a percentagem de mulheres indecisas sobre em quem votar é superior (17 por cento vs 13 por cento); 3. a diferença entre PàF e PS é maior entre as mulheres (oito pontos percentuais) do que entre os homens (3 p.p.).

Ficha técnica

Esta sondagem foi realizada pelo Centro de Estudos e Sondagens de Opinião da Universidade Católica Portuguesa (CESOP) para a Antena 1, a RTP, o Jornal de Notícias e o Diário de Notícias entre os dias 26 e 27 de setembro de 2015. O universo alvo é composto pelos indivíduos com 18 ou mais anos recenseados eleitoralmente e residentes em Portugal Continental. Foram selecionadas aleatoriamente quarenta e cinco freguesias do país, tendo em conta a distribuição dos eleitores por distritos. A selecção aleatória das freguesias foi sistematicamente repetida até os resultados eleitorais das eleições legislativas anteriores nesse conjunto de freguesias (ponderado o peso eleitoral dos seus distritos de pertença) estivessem a menos de 1% dos resultados nacionais dos cinco partidos mais votados. Os domicílios em cada freguesia foram seleccionados por caminho aleatório e foi inquirido em cada domicílio o mais recente aniversariante recenseado eleitoralmente. Foram obtidos 3302 inquéritos válidos, sendo que 59% dos inquiridos eram do sexo feminino, 27% da região Norte, 20% do Centro, 32% de Lisboa e Vale do Tejo, 13% do Alentejo e 8% do Algarve. Todos os resultados obtidos foram depois ponderados de acordo com a distribuição da população com 18 ou mais anos residentes no Continente por sexo e escalões etários, na base dos dados do INE, e por distrito na base dos dados do recenseamento eleitoral. A taxa de resposta foi de 67%*. A margem de erro máximo associado a uma amostra aleatória de 3302 inquiridos é de 1,7%, com um nível de confiança de 95%.

* A taxa de resposta é estimada dividindo o número de inquéritos realizados pela soma das seguintes situações: inquéritos realizados; inquéritos incompletos; não contactos (casos em que é confirmada a existência de um inquirido elegível mas com o qual não foi possível realizar a entrevista); e recusas.
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