Consumo de carne processada provoca cancro, diz a Organização Mundial de Saúde

por Andreia Martins - RTP
O consumo de carne processada é tão causador de cancro como o tabaco, revela a OMS. Dado Ruvic - Reuters

Fiambre, bacon, presunto, salsichas e hambúrgueres são algumas das carnes que mostram uma “ligação evidente” ao surgimento de cancro intestinal, segundo um relatório divulgado esta segunda-feira pela Organização Mundial de Saúde (OMS). A investigação detetou ainda a existência de propriedades cancerígenas em carnes vermelhas.

O estudo foi conduzido pela Agência Internacional de Investigação do Cancro (IARC), centro integrado na Organização Mundial de Saúde.  Segundo as novas evidências, carnes processadas, como presunto e hambúrgueres, integram uma lista negra de produtos com ligação direta ao surgimento do cancro, onde também estão o tabaco, amianto e poluição proveniente de motores diesel. 

Na declaração da IARC, divulgada esta segunda-feira na revista científica Lancet Oncology, as carnes curadas e processadas são colocadas no “Grupo 1” de produtos cancerígenos, a par do álcool, tabaco e amianto. Já as carnes vermelhas surgem no “Grupo 2 A”, uma lista com produtos designados como “provavelmente cancerígenos para humanos”.

Em declarações à Agência Reuters, Kurt Straif, representante desta célula da OMS em Paris, refere que o risco de desenvolver cancro do cólon pelo consumo de carne processada é “pequeno”, mas aumenta consoante a quantidade de carne consumida por cada indivíduo.

Quanto às carnes vermelhas, incluindo carnes bovinas, suínas e borrego, o investigador referem que as evidências são, por enquanto, mais limitadas. Mas o grupo de cientistas encontrou  ligações entre o consumo deste tipo de alimentícios e o cancro intestinal, pancreático e da próstata.

O documento conhecido hoje é o culminar de um ano de investigações de cientistas internacionais e acontece depois de vários avisos deixados pelas entidades de saúde. Tim Key, especialista em doenças cancerígenas e investigador na Universidade de Oxford, refere que “já se sabia há algum tempo a ligação provável entre carnes vermelhas, carnes processadas e cancros intestinais”.

Key refere que estas conclusões “não significam que devemos parar imediatamente de comer todas as carnes vermelhas ou processadas”, mas sim reduzir as quantidades ingeridas e apostar na diversificação e moderação da dieta.

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