NATO furiosa com a Espanha por reabastecer flotilha russa

por RTP
O porta-aviões "Kuznetsov" Reuters

A flotilha russa que passou hoje na zona económica exclusiva de Portugal vai ser reabastecida no enclave espanhol de Ceuta. O secretário-geral da NATO criticou a colaboração espanhola, dizendo que a flotilha poderá ser usada para bombardear civis em Alepo.

Os comentários do secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, são invulgarmente duros, tal como os cita o The Telegraph: “Cabe a cada país decidir se estes navios podem ser reabastecidos e receber combustível em diferentes portos ao longo da rota até ao Mediterrâneo oriental. Mas, ao mesmo tempo, preocupa-nos, e manifestámo-lo claramente, o potencial uso deste grupo de combate para incrementar a capacidade russa e para ser uma plataforma de ataques aéreos contra a Síria"

Depois, apontando mais especificamente à Espanha, Stoltenberg continua: "Isto é algo que transmiti antes muito claramente e repito hoje esses reparos. Creio que todos os aliados da NATO sabem que este grupo de combate pode ser usado para levar a cabo ataques aéreos contra Aleppo e a Síria".

Tal como Stoltenberg, também um antigo ministro da Defesa britânico, hoje deputado na Câmara dos Comuns, Sir Gerald Howarth, veio a terreiro considerar "inteiramente impróprio" que um país membro da NATO reabasteça navios russos.

Segundo Howarth, "a Espanha é membro da NATO e a NATO já está a ser desafiada pela Rússia, nomeadamente no Báltico (...) Os russos são acusados de bombardear indiscriminadamente Aleppo e a Síria e seria impróprio prestar-lhes ajuda militar".

Um antigo chefe da Marinha de Guerra britânica, Lord West, lançou mais achas para a fogueira: "Estão em vigor sanções contra a Rússia e esta é uma coisa extraordinária para ser feita por um aliado da NATO".

O antigo primeiro ministro belga Guy Verhofstadt, por seu lado, disse na sua conta de Twitter: "A Espanha subscreveu na semana passada uma declaração da UE sobre os crimes de guerra russos em Aleppo; hoje, ela ajuda a reabastecer uma flotilha que vai a caminho de cometer mais atrocidades".

A Espanha tem-se justificado com o habitual abastecimento de navios russos em Ceuta e com o estatuto especial do enclave, que não sendo parte do território ibérico, não está abrangido pelos tratados da NATO. O MNE espanhol explicou que os pedidos russos são apreciados caso a caso, "segundo as características do navio em questão".

Mas a Espanha tem acusado o toque e um porta-voz do MNE acrescentou a estas explicações: "Os mais recentes pedidos de acostagem estão presentemente a ser reapreciados à luz da informação que estamos a receber dos nossos aliados e das autoridades russas".
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