Nobel da Física distingue David Thouless, Duncan Haldane e Michael Kosterlitz

por Ana Sofia Rodrigues - RTP
Anders Wiklund - EPA

A Academia Sueca decidiu premiar três físicos “por descobertas teóricas sobre transições de fase topológicas e fases topológicas da matéria". Os três cientistas distinguidos são britânicos a trabalhar nos Estados Unidos.

“As suas descobertas permitiram avançar na compreensão teórica dos mistérios da matéria e criaram novas perspetivas para o desenvolvimento de materiais inovadores”, escreve a Fundação Nobel.

Nils Martensson, do Comité Nobel de Física, disse na conferência de imprensa de apresentação dos laureados que estes descobriram uma série de regularidades inesperadas no comportamento da matéria. “Tal veio pavimentar o caminho para criar novos materiais com novas propriedades e há agora grande esperança de que seja importante para muitas futuras tecnologias”, acrescentou.

Thouless, de 82 anos, nasceu na Escócia e é professor emérito da Universidade de Washington em Seattle, Estados Unidos. Obtém metade do prémio.

A outra metade do prémio é dividida entre Haldane, 65 anos, nascido em Londres e atualmente na Universidade de Princeton (Nova Jérsia) e Kosterlitz, nascido na Escócia em 1942, da Universidade Brown à Providence, em Rhode Island.


Os três laureados abriram a porta ao conhecimento de um mundo onde a matéria pode assumir diferentes estados, pode ler-se no site dos Prémios Nobel. Usaram avançados métodos matemáticos para estudar fases ou estados incomuns da matéria, como supercondutores, superfluidos ou finos filmes magnéticos.

“Graças ao seu trabalho pioneiro, a caça agora é por novas e exóticas fases da matéria. Muitos estão esperançados de futuras aplicações na ciência de materiais e eletrónica”, realça o comité Nobel.

As fases mais conhecidas da matéria serão a gasosa, líquida e sólida. Em situações de temperaturas extremamente altas ou baixas, a matéria assume outros estados, mais exóticos. As transições de fase ocorrem quando se passa de uma fase para outra. A topologia é um ramo da matemática que descreve as propriedades que mudam por “degraus”, passo a passo.

Como explica à Antena 1, Eduardo Castro, investigador do Instituto Superior Técnico de Lisboa, as investigações agora premiadas poderão ter impacto na área das tecnologias de informação. Em causa estão descobertas sobre "novas fases, designadas fases topológicas, das quais se sabia muito pouco ou mesmo nada quando estes cientistas começaram a explorar este tipo de fases da matéria", realça o investigador.

Entre 1901 e 2016, houve já 110 pessoas premiadas com o Prémio Nobel da Física. Apenas 47 prémios ao longo destes anos foram entregues a apenas um laureado. Do total de homenageados nesta área, contam-se apenas duas mulheres.

Ontem, o Nobel da Medicina 2016 foi atribuído ao japonês Yoshinori Ohsum pelas suas investigações sobre autofagia. Esta quarta-feira será conhecido o Nobel da Química, na sexta-feira, o Nobel da Paz. O Nobel da Economia será divulgado no dia 10.

Os prémios Nobel, criados em 1895 pelo químico, engenheiro e industrial sueco Alfred Nobel (inventor da dinamite), foram atribuídos pela primeira vez em 1901.

O prémio Nobel corresponde a uma recompensa de oito milhões de coroas suecas, o equivalente a cerca de 834.000 euros.
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