Rei de Espanha sem solução dos partidos aponta para novas eleições

por Christopher Marques - RTP
Reuters

Espanha prepara o regresso às urnas em junho. O rei Felipe VI anunciou esta terça-feira que não há nenhum candidato à presidência do Governo que consiga ser aprovado pelo Parlamento. Sem candidato à investidura, o monarca espanhol deverá dissolver o Parlamento na próxima semana. Pela primeira vez na história da democracia espanhola, as eleições gerais serão repetidas.

Terminada a terceira ronda de contactos na Zarzuela, eis a conclusão já amplamente aguardada. O rei “constatou que não há candidato que reúna os apoios necessários para que o Congresso dos Deputados lhe conceda um voto de confiança”.

A conclusão faz parte do comunicado divulgado pela Casa Real ao fim da tarde desta terça-feira e consagra um país a caminho de um novo ato eleitoral.

No comunicado, a Casa Real não aponta para a data das eleições, nem fala especificamente da sua necessidade. O documento informa apenas que o rei não “apresenta uma proposta de candidato à Presidência do Governo”, remetendo para o “previsto no artigo 99º da Constituição”.

Neste caso, é a quinta alínea do artigo que estipula a dissolução do Parlamento e a convocação de novas eleições.

“Se, decorrido o prazo de dois meses a contar da primeira votação de investidura, nenhum candidato tiver obtido a confiança do Congresso, o rei dissolverá as duas câmaras e convocará novas eleições”, estipula a Constituição espanhola.
Depois da terceira ronda
O comunicado da monarquia espanhola não surpreende e vai ao encontro do que era já aguardado. O próprio Pedro Sánchez, que procurava a confiança do Congresso dos Deputados para chegar à Presidência do Governo, afirmou na terça-feira que os espanhóis estavam “condenados a novas eleições".

A afirmação do líder socialista foi feita depois da sua reunião com o monarca. No encontro, Sánchez assumiu que não tem apoio no Parlamento para ver aprovado um executivo.

Com as mesmas palavras que tinham sido utilizadas pelo líder do Ciudadanos, Pedro Sánchez apontou o caminho que já se apresentava como o mais provável: “Estamos condenados a novas eleições”.

Reportagem de Daniela Santiago - RTP

Pedro Sánchez voltou a defender o acordo que fechou com o Ciudadanos de Albert Rivera e agradeceu ainda ao Compromís pela proposta de última hora apresentada.

A coligação de esquerda apresentou 30 medidas que, a serem aceites pelos socialistas, deveriam permitir a formação de um Governo de Esquerda. O PSOE aceitou 27 das 30 propostas e propunha a concretização de um executivo liderado por Sánchez e formado por independentes de vários quadrantes políticos.

Este modelo teria de contar com, pelo menos, a abstenção do Ciudadanos. O partido de Albert Rivera afirmou desde logo que não iria “dar apoio à proposta do Compromís, nem à alternativa do PSOE”.
Iglesias "fechou a porta"
No fim da reunião com o rei de Espanha, o secretário-geral do PSOE dirigiu as críticas a Pablo Iglesias. Sánchez considera que o Podemos “fechou a porta e atirou o cadeado", acusando o seu líder de ter posto em primeiro lugar um assento no Executivo em vez da “mudança”.

“Nunca quis compactuar com o PSOE e ver um Presidente de Governo socialista”, acrescentou ainda.

O PSOE culpabilizou ainda o Partido Popular. A força política de Mariano Rajoy repercutiu as críticas, com o líder conservador a acusar os socialistas de nunca terem aceite discutir uma “grande coligação” com o partido que mais deputados conseguiu eleger.

O Podemos de Pablo Iglesias também criticou Pedro Sánchez, acusando-o de ter recusado um governo de coligação de esquerda. Com os partidos a não conseguirem ultrapassar o impasse, o rei de Espanha deverá dissolver o Parlamento na próxima semana.

 A imprensa aponta para que a campanha tenha início a 10 de junho, tendo em vista a ida às urnas a 26 do mesmo mês. As sondagens revelam que o impasse poderá manter-se depois das eleições.
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