Sentença de líder sérvio da Bósnia Radovan Karadzic vai ser lida a 24 de março

por Lusa

O Tribunal Penal Internacional para a ex-Jugoslávia anunciou hoje que vai ler a 24 de março a sentença do antigo chefe político dos sérvios da Bósnia Radovan Karadzic, acusado de genocídio.

"A sentença do julgamento vai ser lida a 24 de março, às 14:00 (13:00 em Lisboa) na sala de audiências 1", indicaram os juízes.

O processo de Karadzic começou em outubro de 2009 e terminou em outubro de 2014.

Radovan Karadzic, de 70 anos, foi acusado do massacre de perto de oito mil homens e rapazes muçulmanos pelas forças sérvias da Bósnia em Srebrenica, em julho de 1995, o pior cometido na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.

De acordo com a acusação, este massacre inscreve-se no quadro de "limpeza étnica" de grandes territórios da Bósnia, planeados por Radovan Karadzic com o general Ratko Mladic e o ex-presidente jugoslavo Slobodan Milosevic, após a divisão da Jugoslávia em 1991.

O objetivo era afastar muçulmanos, croatas e outras minorias destas zonas para criar um Estado sérvio etnicamente puro, indicou o gabinete do procurador.

Karadzic está a ser julgado por 11 acusações, incluindo genocídio, crimes contra a humanidade e crimes de guerra cometidos durante a guerra da Bósnia, que deixou cerca de 100 mil mortos e 2,2 milhões de deslocados entre 1992 e 1995.

Na apresentação da defesa, Radovan Karadzic afirmou nunca ter "qualquer dúvida" sobre o resultado do processo: "Serei absolvido", declarou, afirmando ser um "amigo dos muçulmanos".

A acusação pediu prisão perpétua. Karadzic escolheu defender-se sozinho, com a ajuda de um conselheiro jurídico, e apresentou-se como não culpado.

Antigo presidente da república unilateralmente proclamada dos sérvios da Bósnia, a Republika Srpska, Karadzic é também julgado pelo cerco de Sarajevo, que se prolongou por 44 meses e durante o qual foram mortas dez mil pessoas.

O ex-político foi detido em julho de 2008, num autocarro em Belgrado, após mais de dez anos a monte. Durante esse tempo, apresentou-se como terapeuta de medicinas alternativas.

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