Áustria dividida entre verdes e extrema-direita só conhece novo Presidente na segunda-feira

por Christopher Marques - RTP
O candidato ecologista Alexander Van der Bellen e o candidato de extrema-direita Norbert Hofer. Heinz-Peter Bader - Reuters

As sondagens já mostravam que a luta para obter a presidência austríaca seria renhida e o voto confirmou a expetativa. Quando estão contados 95 por cento dos sufrágios, Norbert Hofer e Alexander Van der Bellen encontram-se muito próximos, com uma ligeira vantagem para o candidato de extrema-direita. Uma vez que mais de 14 por cento dos eleitores votou por correspondência, só na segunda-feira é que será conhecido o nome do novo Presidente austríaco.

A Europa terá de esperar para saber se será um Presidente de extrema-direita a ocupar o Palácio Imperial de Hofburg. Contabilizados 95 por cento dos votos depositados este domingo em urna, o resultado é demasiado próximo para que seja anunciado um vencedor.

O candidato Norbert Hofer, do Partido da Liberdade da Áustria, segue na frente com 51,9 por cento dos sufrágios. O ecologista Alexander Van der Bellen obtém 48,1 por cento. No entanto faltam contar os muitos votos enviados por correspondência.

Reportagem de Ricardo Alexandre, Cristina Gomes - RTP

Uma vez que mais de 14 por cento dos eleitores recorreu a este mecanismo, só quando estes 900 mil boletins forem contados é que se conhecerá o nome do novo Presidente austríaco. Os candidatos confirmaram, em direto na televisão, que só na segunda-feira os austríacos vão saber quem será o novo Presidente.
Empate técnico
Tendo em conta os números já conhecidos, a televisão pública austríaca ORF prevê um empate na votação final. Em causa, o facto de os votos por correspondência serem tradicionalmente menos favoráveis à extrema-direita.

Os sufrágios até agora contabilizados mostram um país dividido perante um candidato ecologista e moderado e um candidato de extrema-direita.

Apesar de o Presidente da Áustria estar destinado a funções mais simbólicas e cerimoniais, a Europa está de olhos postos na possibilidade de ser um homem de extrema-direita a ocupar o lugar.Depois de ter vencido a primeira volta, Norbert Hofer foi congratulado pela Frente Nacional de Marine Le Pen e pelo partido nacionalista Alternativa para a Alemanha.


O chefe de Estado é o mais alto representante do país e chefe máximo das Forças Armadas.

O Presidente pode destituir o Governo, dissolver o Parlamento e ainda apontar o nome de um novo chanceler, o equivalente ao cargo de primeiro-ministro em Portugal.

Caso Norbert Hofer vença as eleições, será o primeiro político de extrema-direita a assumir a chefia de um Estado membro da União Europeia. Durante a campanha, Hofer admitiu a sua linhagem "oposta ao multicultralismo, globalização e imigração em massa". Ideias que têm crescido num país ao qual convergem muitos dos refugiados que utilizam a rota dos Balcãs.Derrota dos partidos tradicionais
Esta segunda volta da eleição presidencial austríaca realizou-se depois de os principais partidos terem sido derrotados logo na primeira votação. Foi a primeira vez desde o fim da II Guerra Mundial que os candidatos dos principais partidos ficaram fora da ronda decisiva.

Os sociais-democratas e os populares, que se encontram coligados no poder há dez anos e que são apresentados como as duas principais forças políticas do país, não ultrapassaram os 22 por cento dos votos na primeira volta.

Depois da votação, o chanceler Werner Faymann acabou mesmo por pedir a demissão. O anúncio foi feito a 9 de maio e concretizou-se depois de Faymann ter vindo a perder o apoio das bases do partido. Para o substituir, o partido social-democrata optou por Christian Kern.


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