CONFAP contesta sucessivas mudanças na Educação

por RTP
EPA, Reuters

As provas de aferição do 2.º, 5.º e 8.º anos de escolaridade realizam-se a 6 de junho para Português, e a 8 para Matemática, mas as escolas podem não as realizar este ano, anunciou o ministro da Educação.

E surgem de novo alterações no setor da Educação. Bem que se pode afirmar "cada governo, sua sentença". Agora são as provas de aferição do 2.º, 5.º e 8.º anos de escolaridade, marcadas para 6 de junho na disciplina de Português, e para 8 de junho para a Matemática. No entanto, a novidade é o fator facultativo  de cada escola em realizar, ou não, essas mesmas provas., segundo anunciou o ministro da Educação.

Pouco tempo depois de ter chegado ao Ministério da Educação, o atual titular da pasta tinha prometido "solução integrada de avaliação e aferição". Tiago Brandão Rodrigues defendia mesmo que a avaliação "não é um fim último, mas pode ser uma ferramenta para criar caminho para melhorar a promoção do sucesso escolar".
 
Com a solução agora encontrada, o ministro Tiago Brandão Rodrigues sublinha que este modelo transitório de avaliação de alunos foi decidido depois de ouvido o Conselho Nacional de Educação e o Conselho de Escolas e ainda centenas de diretores e professores. Assim, em 2017, as provas de aferição serão de "aplicação universal e obrigatória", segundo disse aquele governante no final da reunião do conselho de ministros desta quinta-feira, acompanhado pela jornalista da Antena 1, Ana Gil.

Também para este ano, o governo dá a opção de se efetuarem as provas dos 4.º e 6.º anos de escolaridade. As escolas que pretendam realizar estes exames de fim de ciclo letivo vão receber uma matriz de teste fornecida pelo Ministério da Educação.

Diretores aprovam o modelo

A Associação de diretores de Escolas, representada por Filinto Lima, recebeu com agrado estas decisões do governo. Este representante sublinha que a solução resolve a situação e impede que as alterações sejam efetuadas a meio do ano letivo.

A mesma Associação de diretores de Escolas sublinha que o modelo adotado não corresponde a 100 por cento ao que exigiam, mas que, ainda assim, é uma solução aceitável, pois os alunos realizam obrigatoriamente as provas de aferição, instituídas pelo atual govenro, que acabou com os exames nacionais, só em 2017.

Associações de pais aceitam solução mas contestam mudanças sucessivas

A solução do Governo com um regime transitório para as provas de aferição agrada à Associação de Directores de Escolas mas não convencem totalmente os representantes dos pais.

A Confederação Nacional das Associações de Pais (CONFAP) alerta mesmo para a confusão que estas sucessivas mudanças num setor sensível causam na cabeça dos alunos.

Jorge Ascensão lembra que este ano letivo começou com o modelo de provas de aferição do anterior governo, passou por um novo modelo, que agora é facultativo, mas que agora poderá ainda realizar-se no quarto e sexto ano.

O presidente da CONFAP acredita que a maioria das escolas não vai realizar provas de aferição e que os alunos vão ficar sujeitos apenas à avaliação interna das escolas.

CDS fala em decisão precipitada, PSD reage negativamente

A nova líder do CDS-PP reagiu "perplexa" com o qe diz ser a incapacidade do ministro da Educação. Assunção Cristas diz-se também "estupefacta" com a "incapacidade de ação" do ministro, após anunciar a decisão de avançar com provas de aferição ainda este ano letivo, a meio dos vários ciclos de ensino.

A nova líder democrata-cristã falava aos jornalistas após apresentar cumprimentos ao grupo parlamentar do PCP, na Assembleia da República, classificando a situação como "grave", pois torna-se "desrespeitoso para com a escola, pais, alunos e professores e não augura nada de bom".

Já o PSD anunciou a intenção de querer ouvir o ministro da Educação no parlamento sobre as provas de aferição.

O PSD vai chamar à comissão parlamentar de Educação o ministro da tutela, de modo a que Tiago Brandão Rodrigues explique o modelo que os sociais-democratas consideram "errado" em torno das provas de aferição.

"Achamos que as famílias portuguesas e a comunidade educativa merecem mais, merecem um ministro e uma equipa ministerial que conheçam a realidade portuguesa, a realidade do nosso sistema educativo", advogou o deputado do PSD Amadeu Albergaria, em declarações aos jornalistas no parlamento.

PS critica atitude do PSD e diz que não se pode brincar com a Educação

O Partido Socialista, através do deputado Porfírio Silva, deixa críticas ao PSD ao chamar o ministro da Educação ao Parlamento. O PS destaca o facto do ministro Tiago Brandão Rodrigues ter estado sempre disponível para encontrar uma solução com os agentes educativos.


PCP considera positivo o fim dos exames do 4.º e 6.º anos

A deputada do PCP Paula Santos considerou hoje positivo o fim dos exames do 4. e do 6.º anos de escolaridade, acrescentando que a medida governamental "vai ao encontro de um conjunto de propostas" comunistas.

"Para o PCP, o fim dos exames do 4.º e 6.º ano constitui uma medida positiva para as escolas, os estudantes e a educação. Contrariamente àquilo que tem sido dito muitas vezes, de que estas medidas estão a ser tomadas à pressa, é importante ter em conta e não esquecer os últimos quatro anos, de lutas e contestação", lembrou a parlamentar do PCP, nos passos perdidos do parlamento.

"Este modelo vai ao encontro de um conjunto de propostas que há muito o PCP tinha vindo a defender", disse Paula Santos, distanciando-se do "modelo de avaliação restritivo, seletivo, que criava obstáculos aos estudantes para prosseguirem os seus estudos e foi implementado por PSD e CDS".




pub