Cavaco coleciona preocupações empresariais com a estabilidade

por Sandra Salvado - RTP
Peter Villax, presidente da Associação das Empresas Familiares, disse que compete a Cavaco Silva tomar a decisão Miguel A. Lopes - Lusa

Numa altura em que Passos Coelho desafia António Costa a ir desde já para eleições, a pressão para que Cavaco Silva tome rapidamente uma decisão é cada vez maior. O Presidente da República continua esta sexta-feira a ouvir os parceiros sociais. A Associação das Empresas Familiares não deixou nenhuma recomendação a Cavaco Silva, mas não deixou de fazer contas aos cenários que se desenham. Já o Fórum para a Competitividade foi a Belém para defender a opção por um governo de gestão até novas eleições.

A decisão está agora nas mãos do Presidente da República, que continua esta sexta-feira a ouvir os parceiros sociais com vista a uma decisão sobre o futuro governativo do país.

Peter Villax, presidente da Associação das Empresas Familiares, disse que compete a Cavaco Silva tomar a decisão e, por isso, não fez nenhuma recomendação.

O presidente da Associação das Empresas Familiares mostrou-se ainda a favor do aumento do salário mínimo, mas que seja "assente sobre os aumentos de produtividade e discutido em sede de concertação social".
"Sem empresas não há recuperação"
Antes disso, Peter Villax mostrou-se preocupado com a instabilidade política: “O que é para nós imperativo é que muito rapidamente o ministro das Finanças do próximo governo venha dar confiança aos empresários".

"Sem empresas privadas não há recuperação económica”, acentuou.

O representante das empresas familiares disse querer saber como é que vão ser as políticas económicas do país do novo governo e como é que se vai reduzir o desemprego.

“Aqueles documentos [que constam da posição conjunta do PS, BE e PCP] não contêm nada sobre a redução do desemprego e ficamos preocupados com a lista extensa de benefícios que, embora legítimos, são pagos com dinheiro que foi, muito prudentemente, acumulado e amealhado. São uma longa lista de benefícios sociais, mas nada está dito como é que vão ser financiados”, enumerou.
Política de formiga, política de cigarra
Peter Villax salientou que, se forem financiados pela almofada financeira de oito mil milhões de euros que o Governo acumulou, essa via terá dois efeitos: “Vai anunciar aos mercados que passámos de uma política de formiga para uma política de cigarra”.

E acrescentou: “Em 2016 podemos ter uma melhoria do nosso Produto Interno Bruto (PIB), mas em 2017 é que vamos de novo pagar o preço (…) Será que vamos continuar a pagar sempre os erros que produzem efeitos benéficos a curto prazo, mas que são uma bola de chumbo preso aos nossos pés de uma forma sustentada?”.
"Só eleições podem clarificar"
Por seu turno, o presidente do Fórum para a Competitividade referiu que o futuro parece negro, pelo que sugeriu ao Presidente um governo de gestão até à realização de eleições.

Ferraz da Costa disse a Cavaco Silva que antecipar eleições é a única forma de clarificar a atual situação política do país.

"Transmitimos uma perspetiva muito negra em termos do futuro e não tanto por preocupações orçamentais, embora nós saibamos que os défices se pagam sempre mais tarde ou mais cedo, mas muito mais pela inversão quase completa da orientação da política económica".

Ferraz da Costa disse que nenhum dos partidos à esquerda reconheceu o esforço "da viragem das empresas para o exterior", apontando esse caminho como algo a privilegiar. E sublinhou que o que se está a ver é "um insistir na política estafada do crescimento do consumo interno".

"Umas eleições clarificadoras entre uma frente popular que quer restabelecer em Portugal uma economia socialista ou uma coligação que quer desenvolver em Portugal uma economia parecida com a economia que existe nos países da europa Ocidental seria muito bom", disse o presidente do Fórum para a Competitividade.

E acrescentou que aceitaria "todos os inconvenientes de um Governo de gestão" para ser possível chegar "a uma decisão mais fundamentada". Porque "não é possível clarificar a situação sem haver eleições".

O mesmo responsável salientou os "resultados muito positivos" obtidos nas exportações nos últimos anos.

Durante a tarde, Cavaco Silva ouve as centrais sindicais. O Presidente da República irá ouvir a CGTP de Arménio Carlos a partir das 15h00, seguindo-se o presidente do Conselho Económico e Social, às 16h00. Ao fim do dia, com início marcado para as 18h00, o Chefe de Estado reúne-se com a UGT de Carlos Silva.
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