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OS MISTERIOSOS BARCOS DO ARADE

OS MISTERIOSOS BARCOS DO ARADE

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  • Documentários - Informação

Informação Adicional

A história de um rio, o Arade. Decorre na sua foz a maior campanha arqueológica subaquática até agora organizada em Portugal

Durante séculos, o rio Arade foi a principal via de comunicação para o interior do Barlavento Algarvio. Silves era então a capital cultural e económica do Algarve. Ao tempo do Al-Mohtâmide, o "vali" que unificou o Algarve moçárabe, a cidade tinha o triplo da população actual e era cantada pelos poetas como opulenta em riquezas e formosa em construções. Tinha grande fama o Palácio das Varandas, o mítico palácio dos Vizires, que ficava onde hoje é o castelo, e que depois foi saqueado pelos cruzados. Então rodeada de florestas frondosas (!), Xelb - a Silves árabe - também ficou conhecida pelos seus estaleiros navais.
Hoje muito assoreado, o rio Arade até era navegado pelos "vikings". Em 966, o rio foi o campo de uma grande batalha naval entre uma frota muçulmana vinda de Sevilha e vinte e oito "drakkars" normandos que atacavam a então chamada ribeira de Silves. Deste combate resultaram os mais antigos naufrágios registados em águas que hoje são portuguesas: quando os muçulmanos puseram fora de combate vários navios dos "infiéis".
Em Outubro de 1970, quando decorria a dragagem do porto comercial de Portimão, foram descobertos na foz do Arade dois navios naufragados. Terão sido encontradas também moedas de ouro. A expectativa na opinião pública foi enorme: eram os primeiros achados arqueológicos subaquáticos efectuados em Portugal.
Um dos cascos encontrado era de tabuado trincado, e foi logo considerado como presumivelmente viking; no dizer dos historiadores, o outro poderia ser do tempo do Infante D.Henrique, o que fazia aumentar ainda mais o valor do achado, porque nunca se soube com exactidão como eram os navios dos Descobrimentos. Mas o regime não se interessou pelas investigações, e os naufrágios foram apenas sumariamente caracterizados pelos mergulhadores amadores antes de desaparecerem no lodo sem serem devidamente estudados.
Com estes antecedentes, decorre desde 1998 no Arade a maior campanha arqueológica subaquática realizada até agora em Portugal. É uma operação coordenada pelo Centro Nacional de Arqueologia Náutica e Subaquática (CNANS). Este Verão, estiveram cerca de quarenta mergulhadores a trabalhar no fundo do rio, em jornadas que chegaram às quatro horas diárias debaixo de água. Os mergulhadores amadores voluntários do Grupo de Estudos Oceânicos (GEO), de Portimão, pesquisaram até agora mais de 890 mil metros quadrados da foz e descobriram dezenas de artefactos soltos e de cavernames.
O navio de casco trincado avistado em 1970 não foi ainda localizado. Mas os arqueólogos identificaram pelo menos doze diferentes contextos de naufrágio, e até um fragmento de casco da época romana - o primeiro fragmento de um navio da Antiguidade Clássica descoberto em águas portuguesas. No Museu Municipal de Portimão estão já em exposição as ânforas encontradas inteiras, bem como alguns dos artefactos descobertos graças as detectores de metais nos depósitos de dragados provenientes do fundo do Arade. Um pequeno ex-voto da Idade do Bronze, as moedas romanas ou os compassos de cartear permitem um fascinante mergulho na História das civilizações que navegaram por esse rio acima.
Um documentário de Paulo Silva Costa, com imagem de Carlos Vaz, genérico de Nicolau Tudela e edição de vídeo de Namorado Freire, Som de Ari de Carvalho, Produção de Maria João Rolão Preto.

Ficha Técnica

Título Original
OS MISTERIOSOS BARCOS DO ARADE