Steinbeck adaptado por Elia Kazan, num dos mais belos filmes americanos dos anos 50, com o mítico James Dean
Em Salinas Valley na Califórnia, por volta de 1913, Cal, o filho mais novo de um austero agricultor local, é um rapaz rebelde, sobretudo em reação ao puritanismo do pai e à preferência deste pelo seu irmão Aron. Cal descobre que afinal a mãe não tinha morrido, como ele e o irmão sempre acreditaram, mas vive em Monterey, onde dirige um bordel. Decide ir conhecê-la para tentar perceber, junto dela, a origem da sua "má natureza". Com a guerra, chegam maus dias para a exploração agrícola do pai, mas Cal consegue montar um produtivo negócio de feijões com dinheiro da mãe. No dia dos anos do pai, Cal e Abra, a noiva do irmão por quem está apaixonado de forma muito especial, decidem fazer uma festa-surpresa. Aron anuncia ao pai o seu casamento com Abra e Cal oferece-lhe o lucro do seu negócio dos feijões para salvar a quinta. O pai insurge-se, violentamente contra o oportunismo do negócio de Cal e recusa o dinheiro. Furioso Cal revela ao irmão o paradeiro da mãe e este alista-se no exército. O pai é vítima de um ataque cardíaco e consegue através de Abra reconciliar-se com Cal.
Em 1955, Elia Kazan, adaptou ao cinema parte do celebérrimo romance de John Steinbeck "A Leste do Paraíso" e assinava um dos mais belos filmes americanos dessa década. Um denso, complexo e profundamente comovente drama psicológico sobre as relações familiares, centrado na desesperada busca de aceitação e amor paternal por parte de um jovem rebelde, sensível e instável, incapaz de lidar com o puritanismo do pai e o seu assumido favoritismo em relação ao seu irmão mais velho. Kazan constrói um filme ambíguo, jogando admiravelmente com a dimensão bíblica do episódio de Caím e Abel. Uma fascinante visão das insuspeitas "naturezas más" dos aparentemente "bons", e vice-versa, num filme que se tornou lendário e num justo objecto de culto devido a James Dean, que se revelava um dos mais notáveis interpretes da sua geração.