Estética Propaganda e Utopia no Portugal de António Ferro é um documentário repartido em 2 episódios que percorrem a vida, a obra, o pensamento e o legado do escritor, jornalista e político português António Joaquim Tavares Ferro
Nome maior da primeira fase do Estado Novo, António Ferro fundou o Museu de Arte Popular, as Pousadas de Portugal, a Sociedade Portuguesa de Autores, o Círculo Eça de Queiroz e a Companhia de Bailados Verde Gaio. Para além de editor da revista Orpheu, dirigiu ainda a revista Ilustração Portugueza e fundou a revista Panorama. Publicou diversas obras em nome próprio e foi comissário-geral das exposições internacionais de Paris (1935) e Nova Iorque (1938) e presidente da direção da Emissora Nacional (1941). Casou em 1922 com a poetisa Fernanda de Castro, de quem teve dois filhos: Fernando Ferro e António Quadros. A escritora Rita Ferro é sua neta.
No entanto, a História do pós-25 de Abril recorda António Ferro quase exclusivamente como dirigente máximo do Secretariado da Propaganda Nacional (SPN), que depois da II Guerra Mundial passou a designar-se Secretariado Nacional de Informação (SNI). Entre 1933 e 1949, António Ferro assumiu as funções simultâneas de chefe da propaganda e de responsável pela política cultural do Estado Novo. Homem de cultura, muito ligado aos meios artísticos, serviu-se do organismo que dirigiu para defender e divulgar alguns dos artistas mais arrojados do seu tempo.
Travou diversas lutas com os conservadores do regime, em defesa da arte moderna e terão sido essas lutas, aliadas a ruturas ideológicas com o regime de Salazar, que o levaram a abandonar Portugal em 1949, em circunstâncias que nunca ficaram exatamente claras, partindo para um "quase-exílio" na legação portuguesa em Berna, na Suíça.
À distância do tempo e procurando a visão de grandes nomes vivos da cultura e política nacionais, o documentário Estética, Propaganda e Utopia no Portugal de António Ferro vem agora abordar, com a maior isenção e rigor, a vida de um homem necessariamente polémico, inserido no seu tempo. Foram assim chamados os testemunhos de José Augusto França, Margarida Acciaiuoli, Eduardo Lourenço, Fernando Dacosta, Fernando Rosas, Adriano Moreira, Vera Marques Alves, Maria Keil, José Barreto, Emília Tavares, João Moreira dos Santos, José Sasportes, Rui Afonso Santos, Jorge Silva, Lauro António, Irene Pimentel e Fernando Brito, além de outros olhares proporcionados por material do Arquivo RTP.