Filme do realizador Manoel de Oliveira, premiado pela Casa da Imprensa com o prémio de Melhor Realização e Melhor Fotografia.
Vanda é uma jovem mulher que em vida despreza os maridos para os venerar depois da morte. Um jogo de ficção entre o real e o imaginário, o imaginário de uma personagem obcecada por um mundo que já não é mundo. Procura viver o presente com os homens que viveu no passado, com uma memória daquilo que enquanto tinha não fez caso.
"O Passado e o Presente" marca o reinício da atividade de Manoel de Oliveira como realizador, no género da ficção. Antes, tinha-se dedicado mais ao documentário. Embora sendo originais alguns dos filmes que antes realizou, só a partir de então a sua obra se distinguirá pela permanência e evolução de um estilo pessoal em que ele mistura a arte do cinema e a arte do teatro e que se caracteriza por um abandono do realismo, que se converte nele em retrato de traços alegóricos e expressionistas, ilustrando, com algum picante, figuras-tipo da sociedade portuguesa.
A ante-estreia do filme teve lugar no Grande Auditório da Fundação, a 25 de Fevereiro de 1972, numa sessão solene com a presença do Presidente da República, Américo Thomaz, e de quase todas as ilustres personalidades do governo marcelista. Os 1500 lugares da sala esgotaram. Este evento, não só como gesto simbólico mas também como ato cultural e político, teria consequências bastante importantes para ao futuro do cinema em Portugal.