Mestre Kubrick revisitando a mais traumática guerra da América num filme fascinante e perturbador.
Da recruta à sangrenta ofensiva no Vietname, a odisseia de um grupo de jovens soldados americanos. Filme fascinante e perturbador de Stanley Kubrick que revisita a mais traumática guerra da América, a partir da adaptação de um livro de Gustav Hasford.
O sargento Hartman (Ronald Lee Ermey) não deixa nada ao acaso quando se trata de transformar jovens recrutas em soldados implacáveis. As semanas de treino militar são violentas e brutais, porém o destino dos jovens é ainda pior: a Guerra do Vietname. Pyle (Vincent D´Onofrio), um jovem incapaz de cumprir as exigências do sargento, é vítima das piores humilhações e agressões até ao dia em que mata o sargento e se suicida. Os seus camaradas acabam no Vietname no meio da sangrenta Ofensiva do Tet em Hué, em 1968, onde vão descobrir que a guerra é muito pior que os seus mais inquietantes receios.
Acompanhando a odisseia de um punhado de jovens soldados americanos, da recruta na ilha de Paris até à sangrenta ofensiva do Tet em Hué em 1968, "Full Metal Jacket-Nascido para Matar" poderia ser mais um boa história de camaradagem, heroísmo e sacrifício no Vietnam. Porém, é um filme de Stanley Kubrick e a vulgaridade nunca fez parte da sua obra. Trata-se, desde logo, de um filme com um portentoso tratamento visual, do trabalho de câmara à montagem, passando pelo tratamento da cor e da luz, onde Kubrick revisita a guerra mais traumática da América a partir da adaptação de um livro de Gustav Hasford. Com o realismo brutal de um documentário, Kubrick cria uma autêntica parábola sobre a perversão dos homens em guerra, sobre a fantástica máquina de condicionamento militar e, sobretudo, sobre o demencial processo de desumanização que ela produz. Um filme fascinante e demencial, bizarro e impressionante, servido por um excelente elenco, que permanece como um das visões mais inquietantes dos absurdos do Vietnam e, por extensão, da guerra.