Conversa Capital com Carlos Pereira

por Antena 1

A Antena1 e o Jornal de Negócios entrevistam o deputado socialista, relator da comissão de inquérito parlamentar à CGD.

Mais do que definir uma visão estratégica para a Caixa Geral de Depósitos, o Estado não se pode demitir das suas funções de acionista e deve monitorizar o caminho que é seguido pela gestão do banco publico, para cumprir a visão estratégica previamente definida. A conclusão é do relator da comissão de inquérito parlamentar à CGD, o deputado socialista Carlos Pereira, em entrevista à Antena1 e Jornal de Negócios.

O relatório conclui que o Estado se limitou a ter uma posição reativa, à sucessão de erros levados a efeito pela CGD na concessão de crédito e que houve um distanciamento sobre aquilo que eram as orientações estratégicas. Por isso o deputado pede que haja um mecanismo que promova o diálogo com a tutela.

Pedir mais diálogo com a tutela, considera Carlos Pereira, não é governamentalizar ou fazer pressão. A Caixa adianta, deve ter uma visão estratégica assumida por todos os governos que se sucederem e o Executivo deve acompanhar a concretização desse objetivo.

O relatório, ainda não conhecido na totalidade, apresenta um centena de conclusões e adianta que o anterior Governo não está sozinho na responsabilidade política pela situação a que a CGD chegou a 2016.
O relatório da Comissão de Inquérito Parlamentar à CGD conclui que Banco de Portugal e Comissão Europeia também foram responsáveis politicamente.

Para Carlos Pereira, deputado socialista relator da comissão, a responsabilidade por uma capitalização feita pelos mínimos em 2012 foi daquelas três entidades.

Relativamente ao Banco de Portugal, Carlos Pereira conclui que o regulador falhou ao garantir que a CGD tinha condições para cumprir o plano de financiamento e capital e isso não aconteceu.

Já em relação aos gestores, Carlos Pereira admite que o relatório fala apenas em erros de análise em opões de credito que se vieram a revelar ruinosas mas não concretiza o porquê dessas opções, porque não foi possível aceder à documentação para analisar os casos em concreto e nenhum dos gestores assumiu essa responsabilidade.
Carlos Pereira adianta que o que ficou claro é que, com base na documentação disponibilizada à comissão não foi por pressão politica que essas opções de crédito foram tomadas.

Ou seja, não foi possível retirar informações sobre responsabilidade de gestão especifica apenas que os créditos foram mal aprovados por erros de análise

Se esses erros de análise se basearam num excesso de confiança ou na existência de relações de amizade com determinadas empresas ou entre o poder politico e grupo económicos, Carlos Pereira adianta que isso a comissão já não analisou.

Carlos Pereira admite que em termos gerais a comissão parlamentar poderia ter ouvido mais pessoas mas lembra que não foi essa a opção dos partidos. No entanto não tem dúvidas que se surgirem novos elementos, nomeadamente os resultantes da auditoria da EY que foram pedidos mas ainda não são conhecidos, que é "responsabilidade" dos partidos reabrirem o processo e avaliarem politicamente essa informação.

Adianta que há partidos que já manifestaram intenção de apresentar alterações. Acredita que essas alterações possam surgir relativamente ao papel da comissão europeia. Não adianta expectativas sobre a posição a assumir pelos partidos na votação do relatório mas admite que PSD e CDS possam promover alguma discussão sobre o conteúdo do relatório. Garante que se sente salvaguardado pelo facto do relatório retirar conclusões apenas com base nos factos apresentados.

Se preferir, assista ao vídeo da entrevista:
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