AstraZeneca. Autoridades alemãs recomendam vacina apenas em idades inferiores a 65 anos

por Andreia Martins - RTP
Dado Ruvic - Reuters

A comissão independente que aconselha o Governo alemão sobre a política de vacinação recomendou que a vacina AstraZeneca não seja usada por pessoas com mais de 65 anos. Esta vacina deverá ser aprovada pela Agência Europeia de Medicamentos (EMA) na sexta-feira.

As autoridades alemãs indicaram num projeto de recomendação que há “dados insuficientes” para determinar a eficácia da vacina da Oxford/AstraZeneca acima dos 65 anos, avança esta quinta-feira o Financial Times.

A comissão independente, integrada no Robert Koch Institute - agência de saúde pública da Alemanha - recomenda o uso desta imunização apenas em pessoas mais novas.

“A vacina AstraZeneca, ao contrário das vacinas de mRNA, só deve ser administrada apessoas com idade entre os 18 e os 64 anos”, apontam os especialistas alemães.

Na terça-feira, Emer Cooke, responsável pela Agência Europeia do Medicamento, admitia que a entidade poderia ter de estipular um intervalo de idades para esta vacina, uma vez que não há dados suficientes sobre a eficácia em utentes mais velhos.

Espera-se que a vacina da AstraZeneca seja aprovada pela Agência Europeia de Medicamentos (EMA) na sexta-feira, um mês depois de ter sido aprovada no Reino Unido.

Em entrevista ao jornal italiano La Repubblica, o CEO da farmacêutica, Pascal Soriot, reconheceu que havia uma “quantidade limitada de dados” quanto aos efeitos da vacina em pessoas mais idosas.

A vacina da Oxford/AstraZeneca representava um avanço importante no combate à Covid-19, uma vez que é mais fácil de armazenar e distribuir do que, por exemplo, a vacina da Pfizer/BioNTech, que deve ser guardada a temperaturas à volta de -70ºC.

As ações da AstraZeneca caíram hoje 2,4 por cento após esta notícia, numa altura em que a distribuição desta mesma vacina na União Europeia está envolta em polémica. Bruxelas acusa a farmacêutica de “falta de clareza” em relação às entregas, uma vez que deverão ser entregues apenas 25 dos 100 milhões de doses que eram esperadas no primeiro trimestre do ano pelo bloco europeu.

Ao mesmo tempo, a AstraZeneca garante ao Reino Unido a produção de dois milhões de doses semanas para o país, a fim de cumprir com o pedido de Downing Street, no valor de 100 milhões de doses

O CEO da AstraZeneca, Pascal Soriot, explicou esta semana que “o acordo com o Reino Unido foi alcançado em junho, três meses antes do acordo com a União Europeia”.

“Como podem imaginar, o Governo do Reino Unido estabeleceu que o fabrico no Reino Unido vai primeiro para a cadeia de fornecimento do Reino Unido. Basicamente, é isto”, disse na mesma entrevista ao diário italiano.

Na quarta-feira, a comissária europeia para a Saúde, Stella Kyriakides, insistia que as doses produzidas no Reino Unido também deveriam ser transportadas para a União Europeia.

Rejeitamos essa lógica do primeiro a chegar, primeiro a ser servido. Isso pode funcionar num açougue, mas não nos contratos ou nos nossos acordos de compra antecipada”, sublinhou. 

As autoridades belgas desencadearam entretanto uma investigação às instalações da AstraZeneca localizadas naquele país para apurar se houve doses de vacinas ali fabricadas que foram desviadas para o Reino Unido.

Esta quinta-feira, o jornal britânico The Times avança que o Reino Unido tem mais vacinas do que as que necessita mas que exige, ainda assim, que o país receba todas as doses que encomendou.  
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