Covid-19 está "a chegar ao fim" na China, garantem autoridades

por Joana Raposo Santos - RTP
Segundo o CDC chinês, o número de mortes registado pelos hospitais do país sofreu uma queda acentuada. Aly Song - Reuters

As autoridades de saúde da China garantiram, num relatório lançado esta segunda-feira, que a onda de infeções por covid-19 no país "está a chegar ao fim", adiantando ainda que as festividades do Ano Novo Chinês não pioraram a curva pandémica, ao contrário do que vários especialistas tinham previsto.

“Neste momento, nenhuma nova variante do vírus foi descoberta e a atual onda de casos no país está a chegar ao fim”, referiu o Centro para o Controlo e Prevenção de Doenças (CDC) da China.

No mesmo documento, a entidade esclarece que “não se registou um aumento óbvio de casos durante as festividades do Ano Novo Lunar”, altura em que milhões de habitantes viajaram para se reunirem com as famílias.

Segundo o CDC chinês, o número de mortes registado pelos hospitais do país sofreu uma queda acentuada, passando de um pico de 4.300 mortes diárias a 4 de janeiro para 896 a 23 de janeiro.

“Esta queda nas mortes segue-se ao declínio da primeira grande onda de casos depois de a China ter relaxado as restrições, o que é compreensível, assemelhando-se ao que aconteceu em praticamente todos os países que atravessaram grandes surtos”, disse à BBC o perito em doenças infeciosas Hsu Li Yang.

“Saberemos em breve se as celebrações do Ano Novo Lunar terão provocado uma nova vaga de casos na China, mas mesmo que tal aconteça, é improvável que seja semelhante ao experienciado em dezembro e início de janeiro de 2023”, acrescentou.

Um dos mais conceituados epidemiologistas da China e antigo diretor do CDC, Zeng Guang, tinha alertado no início deste ano que os contágios iriam disparar nas zonas rurais do país, quando os habitantes das grandes cidades se deslocassem até lá durante as férias de Ano Novo.

As autoridades estimam que 226 milhões de passageiros tenham viajado no período de 22 a 27 de janeiro, um aumento de 70% em relação ao ano anterior, quando as restrições pandémicas ainda estavam em vigor na maioria do território chinês.
“Emergência global” mantém-se, alerta OMS
O SARS-CoV-2 propagou-se pelo território chinês em dezembro do ano passado, depois de as autoridades terem levantado as restrições em vigor durante a política de “covid zero”. Um estudo da Universidade de Pequim estimou que, até 11 de janeiro, 900 milhões de pessoas na China tivessem sido infetadas.

A Comissão Nacional de Saúde avançou, por sua vez, com uma estimativa de 60 mil óbitos relacionados com a covid só entre 8 de dezembro e 12 de janeiro.

No entanto, ao longo do mês de janeiro a percentagem de casos hospitalares com sintomas de febre baixaram mais de 90%, enquanto os internamentos caíram 85%. Já as mortes terão, segundo o Centro para o Controlo e Prevenção de Doenças chinês, caído para metade: de 12.658 entre 13 a 19 de janeiro para 6.364 na semana seguinte.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) frisou, no entanto, que a pandemia continua a ser uma emergência global e que é demasiado cedo para levantar o alerta lançado inicialmente, há três anos.

Segundo esta entidade, a taxa de mortes por covid-19 tem aumentado e a redução da vigilância tem tornado mais difícil identificar novas variantes. Nas últimas oito semanas, foram registados mais de 170 mil óbitos associados à doença a nível global.

Ainda assim, a OMS esclareceu que o mundo está agora numa posição melhor do que há um ano, quando foi atingido o pico de casos devido à variante Ómicron.

c/ agências
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