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COVID-19
Vacina de anticorpos da AstraZeneca eficaz também como tratamento contra a Covid-19
Além de prevenir os sintomas da infeção com o coronavírus SARS-CoV-2, a vacina de anticorpos desenvolvida pela farmacêutica AstraZeneca revelou-se em testes recentes também capaz de tratar a Covid-19 e de evitar o agravamento dos sintomas e a hospitalização, quando ministrada nos primeiros cinco dias após o aparecimento dos sintomas.
O medicamento – apelidado AZD7442 – mostrou-se eficaz no tratamento de pessoas com sintomas ligeiros a moderados de Covid-19. Nos testes, até 67 por cento dos voluntários mostraram ser menos suscetíveis de ser hospitalizados ou de falecer do que os do grupo a quem foi ministrado um placebo. O AZD7442 contém dois tipos de anticorpos manipulados em laboratório para durarem mais tempo do que os naturais e é ministrado aos pacientes através de uma injeção no braço, de forma similar a várias vacinas.
O medicamento poderá ser uma nova forma de ajudar pessoas que não podem receber uma vacina contra a Covid-19 por razões médicas ou para quem contrair o vírus seja um risco acrescido.
O estudo mais recente envolveu 903 pacientes, 90 por cento dos quais considerados de alto risco devido a condições de saúde pré-existentes, incluindo cancro, diabetes, asma e doença coronária. Nenhum estava hospitalizado.
Os resultados indicaram que uma única dose de 600 mg do AZD7442 reduziu em 50 por cento o risco de morte e de doença grave, quando ministrada no prazo de uma semana dos primeiros sintomas.
A gigante farmacêutica já pediu aos reguladores norte-americanos autorização urgente para usar a vacina como um profilático e está em conversações com as autoridades do Reino Unido.
Não se sabe ainda quanto poderá custar uma dose de AZD7442, caso a utilização do medicamento seja aprovada, mas a AstraZeneca abdicou dos lucros ao comercializar a sua vacina anti-Covid-19 a preços de custo, uma decisão aplaudida pela Organização Mundial de Saúde.
O medicamento poderá ser uma nova forma de ajudar pessoas que não podem receber uma vacina contra a Covid-19 por razões médicas ou para quem contrair o vírus seja um risco acrescido.
Um estudo anterior publicado no início de agosto indicou que não se registaram casos graves de Covid-19 entre os que receberam o AZD7442. A pesquisa entre mais de 5.000 adultos indicou que o medicamento reduziu o risco de desenvolvimento de sintomas de Covid-19 em 77 por cento, quando comparado com um placebo.
Mais de 75 por cento das pessoas envolvidas nesse estudo estavam diagnosticadas com patologias que as colocavam sob risco acrescido e de doença grave em caso de contágio com o SARS-CoV-2 ou tinham uma resposta imunitária fraca à vacinação.
Os resultados indicaram que uma única dose de 600 mg do AZD7442 reduziu em 50 por cento o risco de morte e de doença grave, quando ministrada no prazo de uma semana dos primeiros sintomas.
O medicamento foi ainda mais eficaz entre os doentes tratados nos primeiros cinco dias, com o mesmo risco a reduzir-se em 67 por cento.
Análise e recomendações
O comunicado da AstraZeneca sobre a eficácia do AZD7442 suscitou curiosidade e cautela na comunidade científica, interessada em ampliar o arsenal contra a Covid-19.
O Dr Peter English, ex-consultor do Controlo de Doenças e ex-presidente do Comité de Saúde Pública BMA sublinhou que, tal como os antivirais acyclovir, oseltamivir e molnupiravir, este último recentemente anunciado pela Merck, o AZD4742 tem de ser ministrado “cedo” para ser eficaz.
“Apesar do mecanismo de ação dos anticorpos como o AZD7442 e dos agentes antivirais ser diferente, todos eles agem através do ataque ao vírus. Por isso necessitam de ser ministrados cedo, pois só funcionam na fase inicial da doença, enquanto a replicação viral ainda a está a impulsionar”, considerou em reação publicada no Science Media Center.
“Se ministradas numa fase posterior – quando o vírus foi erradicado e a doença está a ser provocada por uma reação imunitária exagerada à anterior replicação viral, terão pouco valor para o tratamento”, explicou.
“Estes medicamentos devem por isso ser ministrados não só numa fase inicial da doença mas – já que a doença grave surge depois – até antes de se saber se o paciente está ou não com doença séria. Idealmente, com tanta antecipação que possa nem ter sido possível confirmar o diagnóstico. Tal como o molnupiravir, o AZD7442 será provavelmente valioso para as pessoas que corram risco elevado e que possam receber o tratamento numa fase inicial da doença”, acrescentou o especialista.
Por tudo isso, recomendou, tais tratamentos devem ser baratos, para poderem chegar a muitas pessoas, fáceis de aplicar (um ponto a favor do medicamento da AstraZeneca é poder ser ministrado por injeção e não por infusão IV) e de adquirir, além de extremamente seguros, devido à possibilidade de reações adversas que, se forem habituais, irão afetar um grande número de pessoas.
Uso profilático
O Dr Peter English, ex-consultor do Controlo de Doenças e ex-presidente do Comité de Saúde Pública BMA sublinhou que, tal como os antivirais acyclovir, oseltamivir e molnupiravir, este último recentemente anunciado pela Merck, o AZD4742 tem de ser ministrado “cedo” para ser eficaz.
“Apesar do mecanismo de ação dos anticorpos como o AZD7442 e dos agentes antivirais ser diferente, todos eles agem através do ataque ao vírus. Por isso necessitam de ser ministrados cedo, pois só funcionam na fase inicial da doença, enquanto a replicação viral ainda a está a impulsionar”, considerou em reação publicada no Science Media Center.
“Se ministradas numa fase posterior – quando o vírus foi erradicado e a doença está a ser provocada por uma reação imunitária exagerada à anterior replicação viral, terão pouco valor para o tratamento”, explicou.
“Estes medicamentos devem por isso ser ministrados não só numa fase inicial da doença mas – já que a doença grave surge depois – até antes de se saber se o paciente está ou não com doença séria. Idealmente, com tanta antecipação que possa nem ter sido possível confirmar o diagnóstico. Tal como o molnupiravir, o AZD7442 será provavelmente valioso para as pessoas que corram risco elevado e que possam receber o tratamento numa fase inicial da doença”, acrescentou o especialista.
Por tudo isso, recomendou, tais tratamentos devem ser baratos, para poderem chegar a muitas pessoas, fáceis de aplicar (um ponto a favor do medicamento da AstraZeneca é poder ser ministrado por injeção e não por infusão IV) e de adquirir, além de extremamente seguros, devido à possibilidade de reações adversas que, se forem habituais, irão afetar um grande número de pessoas.
Uso profilático
O líder do estudo para a AstraZeneca, o professor Hugh Montgomery, especialista em cuidados intensivos do University College de Londres, sublinhou a importância das recentes conclusões, devido à necessidade de encontrar novas formas de combater a pandemia.
“Estes resultados positivos demonstram que uma dose intramuscular de AZD7442 poderá desempenhar um papel importante no combate a esta pandemia devastadora”, referiu.
O vice-presidente da AstraZeneca para o setor de pesquisa e desenvolvimento, Mene Pangalos, espera ir ainda mais longe.
“Uma intervenção atempada com ou sem anticorpos pode providenciar uma redução substancial do desenvolvimento de doença grave, com proteção contínua superior a seis meses”, referiu.
Não se sabe ainda quanto poderá custar uma dose de AZD7442, caso a utilização do medicamento seja aprovada, mas a AstraZeneca abdicou dos lucros ao comercializar a sua vacina anti-Covid-19 a preços de custo, uma decisão aplaudida pela Organização Mundial de Saúde.