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Associação de Língua Mirandesa em edifício "emblemático" de Miranda do Douro

por Lusa

Miranda do Douro, 10 jul (Lusa) - A recém- criada Associação de Língua e Cultura Mirandesa (ALCM) tem desde hoje uma sede onde vão ser instaladas as diversas secções daquele organismo que se dedica a investigação e ensino da língua e cultura mirandesas.

O edifício do XVI, conhecido como Casa das Quatro Esquinas, foi cedido através de protocolo, celebrado com a Câmara de Miranda do Douro e ACLM e está localizado na medieval rua da Costanilha, em pleno centro histórico da cidade.

"Foi nossa intenção ceder um dos mais emblemáticos edifícios da cidade de Miranda do Douro para que os investigadores e estudiosos da língua e cultura mirandesa possam desenvolver o seu trabalho", disse à Lusa o presidente da Câmara de Miranda do Douro, Artur Nunes.

O responsável deixou ainda um apelo ao Governo para que reconheça o património imaterial das Terras de Miranda como "matéria exportável" já que a língua e cultura mirandesas são "conhecidas nos quatro cantos do mundo, desde o Japão ao Canadá, ou Brasil à China, através de teses de doutoralmente ou da singular danças dos pauliteiros".

Desta forma o edifício passará a designar-se por " Casa de la Lhéngua", ou seja, a Casa da Língua em tradução para português.

O ato protocolar celebrou-se, hoje, dia em Miranda do Douro assinala 469 anos sobre a elevação à categoria de cidade e que serviu igualmente para dar a conhecer os projetos de futuro da ACLM.

O trabalho passa "essencialmente" pela recolha e tratamento do património imaterial do planalto mirandês território que engloba os concelhos Miranda do Douro, Mogadouro e Vimioso.

"É preciso fazer recolha em vídeo e áudio de todo este património imaterial e linguístico. Por outro lado, vamos lançar ferramentas de trabalho para que todos possam utilizar com recurso às novas tecnologias tais como um corretor ortográfico, um dicionário, cursos on-line ou sintetizadores de voz, para que se possa melhor compreender a língua mirandesa", exemplificou o vice presidente da ACLM, Alfredo Cameirão.

Foi ainda anunciado que o dia 21 de junho (solstício de verão) será instituído como Die da la Lhégua i Cultura Mirandesa (Dia da Língua e Cultura Mirandesa), dedicado a um conjunto de iniciativas que ajudem a promover, desenvolver e a dignificar o património cultural e linguístico do planalto mirandês.

O presidente e mentor da ACLM, Amadeu Ferreira, em mensagem enviada, deixou claro, que tanto o município como a associação atuarão dentro das suas competências e atribuições " sempre com boa-fé e independência uma da outra".

Durante vários anos houve a esperança da criação de "uma figura jurídica", sob a forma de "fundação ou instituto", mas tal nunca chegou a acontecer, o que na opinião das entidades locais e investigadores aconteceu "muito por falta de vontade política".

Esta nova associação pretende preencher a lacuna deixada pela "não-criação" de uma fundação ou instituto da língua mirandesa e que "diversas vezes chegou ser apontada por diversos elementos dos sucessivos governos".

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