Associação quer problemas resolvidos na Biblioteca Pública de Évora antes da Capital da Cultura

A associação de defesa do património Grupo Pro-Évora apontou hoje diversas "necessidades e urgências" da Biblioteca Pública de Évora (BPE), instituição que deve ser prioridade do Governo, atendendo à Capital Europeia da Cultura nesta cidade em 2027.

Lusa /

Em comunicado divulgado hoje, o Grupo Pro-Évora (GPE) indicou que se reuniu com Diogo Ramada Curto, diretor-geral da Biblioteca Nacional de Portugal (BNP), que tutela a bicentenária biblioteca alentejana, para analisar "diversos problemas que afetam a situação" da BPE.

No âmbito deste encontro, o GPE, a mais antiga associação de defesa do património em Portugal, criada a 16 de novembro de 1919, revelou ter chamado "a atenção para a proximidade da realização da Capital Europeia da Cultura em 2027, que ocorrerá em Évora".

O evento da Capital Europeia da Cultura (CEC) Évora_27 deverá atrair a esta cidade alentejana "um elevado número de visitantes", os quais, "certamente, acorrerão à BPE, insigne instituição que será um dos rostos da realidade cultural local e nacional", pode ler-se no comunicado.

"Este acontecimento constitui uma oportunidade excecional para valorizar a BPE, que o MC [Ministério da Cultura] deve, portanto, assumir como prioridade", defendeu a associação.

Perante o diretor-geral da BNP, o Grupo Pró-Évora referiu ter aludido a problemas que "dizem respeito sobretudo ao edifício da BPE, à necessidade de um espaço para depósito de parte significativa do seu acervo e aos recursos humanos".

O "mais urgente é o das infiltrações de água no interior do edifício, situação que está a ser acompanhada pela BNP", disse.

Em 2018, lembrou, a anterior direção da BNP promoveu a renovação total do telhado, mas a obra mostrou-se "ineficiente, mantendo-se o problema das infiltrações".

"O diretor da BNP já iniciou o processo para intervenção com vista à resolução do caso, de acordo com o Ministério da Cultura", realçou, sustentando que o financiamento das obras e do respetivo projeto são "uma obrigação que o MC não poderá deixar de assumir, sob risco de ficarem em causa a preservação do importante património bibliográfico da BPE e a do imóvel".

Também suscitada pelo grupo de defesa do património foi a criação de um elevador na biblioteca, que não existe, o que "constitui uma irregularidade que importa resolver, em prol de cidadãos com mobilidade reduzida e do próprio serviço interno".

"Outro problema que afeta seriamente os serviços da biblioteca é a situação em que se encontra uma grande parte do seu acervo, depositado, em condições muito precárias, num armazém da antiga Manutenção Militar cedido pelo Ministério da Defesa, que a BPE terá que desocupar".

Na cidade, "existem diversos imóveis do Estado que se encontram devolutos e que podem ser adaptados para receber esse espólio", sugeriu o GPE, reclamando "uma decisão urgente".

A BPE tem igualmente carência de recursos humanos e deveria estar dotada de mesas digitais de leitura, pois, a sua inexistência "impede um acesso fácil e didático aos muitos documentos antigos digitalizados, objeto de procura e consulta por muitos frequentadores e visitantes", exemplificou, notando que as visitas turísticas à BPE também deveriam ser ponderadas, porque perturbam o normal funcionamento da instituição.

A BPE, com 220 anos de existência, foi criada por Frei Manuel do Cenáculo e é beneficiária do Depósito Legal desde 1931.

O seu espólio, com espécies raras e únicas no mundo, inclui 664 incunábulos e 6.445 livros impressos do século XVI, além de vários núcleos de documentos manuscritos, de cartografia, música impressa e centenas de títulos de publicações periódicas.

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