Bicentenário de Melville e Whitman assinalado com congresso e ciclo de cinema

por Lusa

No bicentenário de Herman Melville e Walt Whitman, a Universidade de Lisboa (ULisboa) organiza, em julho, um congresso centrado na relação das suas obras com o mar, enquanto a Cinemateca exibe filmes inspirados na obra do autor de Moby Dick.

No ano em que se assinala o bicentenário do nascimento dos escritores que são considerados dois dos maiores vultos da literatura norte-americana do século XIX - Herman Melville (1819-1891) e Walt Whitman (1819-1892) -, o grupo de investigação de Estudos Americanos do Centro de Estudos Anglísticos da ULisboa (CEAUL) organiza o Congresso Internacional "Over_Seas: Melville, Whitman, and All the Intrepid Sailors".

Este encontro, que decorrerá entre 03 e 5 julho, terá como tema central a relação da obra destes poetas com o mar, propondo-se explorar "a estética associada aos oceanos assim como as dinâmicas literárias transnacionais que Melville, Whitman e vários escritores de ambos os lados do Atlântico forjaram", segundo informação disponível na página da universidade.

"O nosso objetivo é destacar a pós-vida internacional de ambos os autores e o seu contributo para a interligação entre as artes, as ciências, a filosofia humana e a história, com um foco especial na imaginação e memória dos oceanos".

De acordo com o `site` do congresso - que evoca o escritor e marinheiro que foi Melville e recorda como o "capitão" Whitman várias vezes transportou o mar para os seus poemas -, o próprio título "Over_Seas" acomoda um desejo de mergulhar nas profundezas da natureza selvagem e culta, bem como de se debruçar sobre a dinâmica transatlântica e transnacional que Melville, Whitman e vários escritores de ambos os lados do Atlântico ajudaram a moldar.

Esta celebração, a que a Cinemateca Portuguesa se associou, inclui também um ciclo intitulado "Herman Melville no cinema", que decorrerá entre 01 e 15 julho, e que consiste na exibição de seis filmes inspirados em romances do escritor, desde logo o famoso "Moby Dick", numa adaptação cinematográfica de 1956, pelo realizador John Huston, com Gregory Peck, Leo Genn, Richard Basehart, Orson Welles e Bernard Miles, nos principais papeis.

Como destaca a Cinemateca, esta é "a mais conhecida adaptação ao cinema de um romance de Melville e, sem dúvida, a melhor versão para o ecrã da história da baleia branca e da caça implacável que lhe move o capitão Ahab".

"`Moby Dick` é também uma extraordinária experiência com a cor, trabalhada de modo a associar os registos realista e onírico", acrescenta a Cinemateca, na página da sua programação.

A este título, juntam-se outros como "As Ilhas Encantadas" (1965), de Carlos Villardebó, única incursão na longa-metragem deste documentarista português fixado em França, sobre um marinheiro francês que chega a uma ilha que julga deserta e encontra uma mulher singular e solitária -- um filme que conta com Amália Rodrigues "num dos seus grandes e porventura menos conhecidos papeis no cinema".

"Billy Budd" (1962), de Peter Ustinov, e "Beau Travail" (1999), de Claire Denis, inspiram-se na obra póstuma de Melville, o primeiro numa adaptação em Cinemascope, mantendo o título original do livro e, o segundo, constituindo uma adaptação "vagamente baseada" naquela obra.

Os outros dois filmes programados para este ciclo são "Bartleby" (1976), de Maurice Ronet, que foi exibido na Cinemateca uma única vez, em 2003, e "Pola X" (1999), de Léos Carrax, uma adaptação livre do romance "Pierre, or the Ambiguities".

A Cinemateca assinala ainda que o filme "Last of the Pagans" (1935), de Richard Thorpe, revisitação do primeiro livro publicado de Melville, em 1846, "Typee: A Peep at Polynesian Life", não está programado por dificuldade de acesso à cópia.

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