Ciclo de cinema lembra realojamento e submersão da aldeia da Luz

O principal largo da aldeia da Luz, Mourão vai transformar-se numa sala de cinema ao ar livre com a exibição de vários documentários sobre o realojamento da população num ciclo de cinema que começa domingo.

Agência LUSA /

Durante seis noites, o certame "Olhar a Luz" vai exibir todos os documentários realizados sobre o processo de submersão da antiga aldeia e a transferência dos habitantes para a nova povoação, na sequência da construção da Barragem de Alqueva.

Carlos Silva, porta-voz da Empresa de Desenvolvimento e Infra-estruturas de Alqueva (EDIA), explicou à hoje à agência Lusa que o ciclo de cinema documental vai "proporcionar ao público um olhar multifacetado e retrospectivo sobre o processo de deslocação da aldeia".

"Também irão participar no evento os realizadores, procurando desta forma interagir três olhares: o do realizador, o do actor (os luzenses) e o do público", acrescentou.

"Luz Submersa", de Fernando Matos Silva, é o primeiro filme a ser exibido, seguindo-se "A Luz vai-se apagar", de Fátima Luz (dia 21), "Aldeia da Luz, uma terra submersa pelas águas", de Ramon Rodriguez (dia 22), e "Entre Duas Terras", de Eduardo Saraiva e Muriel Jacquerod (dia 24).

No dia 25 será exibido "A minha aldeia já não mora aqui", um filme de Catarina Mourão que durante seis anos filmou muitas horas de imagens da velha aldeia da Luz, "condenada" a desaparecer debaixo das águas da albufeira de Alqueva.

A partir das imagens e de redacções de crianças da aldeia da Luz, que recordam o que sentiram durante todo o processo, este documentário conta, em flash-back, a história da aldeia.

Para proporcionar ao público outras abordagens estéticas e antropológicas, o ciclo apresenta, no dia 26, um olhar sobre um Alentejo do passado através da projecção do filme "No jardim do Mundo", de Maya Rosa.

Galardoado com os prémios "Escolas para Melhor Filme Português DocLisboa 2004" e "Cineclubes para Melhor Filme em Competição Internacional", o filme, rodado na planície alentejana, apresenta antigos trabalhadores agrícolas a contar como suas vidas mudaram e lembram as condições de miséria antes do 25 de Abril de 1974.

Todas as sessões têm entrada livre e nesses dias o Museu da Luz abrirá as suas portas às 20:30 com visitas gratuitas às exposições.

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