Crianças e adultos seguem Pai Natal através Comando de Defesa Aeroespacial dos EUA e Canadá

Crianças e adultos em todo o mundo vão poder acompanhar o `trajeto` imaginário do Pai Natal através do Comando de Defesa Aeroespacial da América do Norte (NORAD), uma tradição já com 70 anos que remonta à Guerra Fria.

Lusa /

O `site` noradsanta.org permite que as pessoas acompanhem a `viagem` do Pai Natal em nove línguas, incluindo português.

Pela primeira vez este ano, os interessados em encontrar o Pai Natal podem ligar através do `site` do programa, o que, segundo os organizadores, será mais fácil para pessoas fora da América do Norte.

Mais de 1.000 voluntários estarão a atender chamadas na véspera de Natal, numa iniciativa em crescimento e que, no ano passado, recebeu cerca de 380 mil chamadas, noticiou a agência Associated Press (AP).

Tendo como habitual missão vasculhar os céus em busca de potenciais ameaças reais na América do Norte, como nos últimos anos os balões espiões chineses, a NORAD gere na véspera de Natal uma central telefónica em Colorado Springs (estado do Colorado) onde voluntários respondem a perguntas dos mais pequenos, como "Quando é que o Pai Natal vem a minha casa?" e "Estou na lista dos traquinas ou dos simpáticos?".

O rastreio anual do Pai Natal pelo NORAD dura desde a Guerra Fria. Tudo terá começado com um telefonema acidental de uma criança, em 1955, quando EUA e Canadá estavam focados na ameaça russa e numa possível guerra nuclear.

Um menino ligou para a NORAD e a chamada chegou ao coronel da Força Aérea Harry W. Shoup, que a atendeu num "telefone vermelho" apenas para emergências. Do outro lado, o menino começou a recitar uma lista de desejos de Natal.

"Ele continuou um pouco, respirou fundo e disse: `Espera, tu não és o Pai Natal`", contou Shoup à AP em 1999.

Para não desiludir a criança, Shoup respondeu numa voz grave e alegre: "Ho, ho, ho! Sim, sou o Pai Natal. Tens sido um bom menino?"

Oficialmente, o equívoco resultou de um anúncio de uma loja incentivando as crianças a ligar para o Pai Natal pedindo presentes, que foi publicado num jornal de Colorado Springs com um erro num dígito, que compunha o ultrassecreto número da NORAD.

Depois de Shoup desligar o telefone, logo este voltou a tocar com uma jovem a recitar a sua lista de Natal. Seguiram-se cinquenta chamadas por dia, disse.

Na era pré-digital, a agência utilizava um mapa da América do Norte, de 18 por 24 metros, para rastrear objetos não identificados. Um membro da equipa, em tom de brincadeira, desenhou o Pai Natal e o seu trenó sobre o Pólo Norte e a tradição nasceu.

A coronel Kelly Frushour, porta-voz do NORAD, contou, em tom de brincadeira, que o nariz do Rodolfo (rena do Pai Natal) `emite` uma assinatura térmica semelhante à de um míssil, que é detetada pelos satélites do NORAD.

No ano passado, Frushour contou que uma menina ficou perturbada ao saber que o Pai Natal estava a caminho da Estação Espacial Internacional, onde estavam retidos dois astronautas.

"Felizmente, quando a chamada terminou, o Pai Natal já tinha partido para outro destino e a criança foi tranquilizada ao saber que ele não estava preso no espaço e chegaria a sua casa ainda nessa noite", acrescentou Frushour.

Um homem com necessidades especiais chamado Henry, que telefona todos os anos, perguntou uma vez se o piloto do jato que escoltava o Pai Natal pela América do Norte podia colocar um bilhete no avião a avisar o Pai Natal que já estava na cama e pronto para o receber, contou Michelle Martin, funcionária do NORAD e veterana da Marinha.

"Não sei se o nosso piloto consegue alcançá-lo rápido o suficiente. Ele limita-se a acenar e a ir embora", recordou-se de ter dito a Henry.

A tradição do NORAD é uma das poucas adições modernas à centenária história do Pai Natal que perdurou, de acordo com Gerry Bowler, um historiador canadiano que falou à AP em 2010.

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