Fábrica de Histórias vence prémio Ler + do Plano Nacional de Leitura

por Lusa

A Fábrica de Histórias venceu hoje o prémio Prémio Ler+ pelo trabalho realizado na última década em que envolveu mais de 10 mil "bebés autores, crianças autoras e jovens autores" de 67 livros ilustrados e filmes.

O projeto, que começou a ganhar vida "há 10 anos" na sala de estar de Raquel Salgueiro e Rui Andrade, "entrou nas escolas em 2012" e hoje ganhou o Prémio Ler+.

É nas escolas que nascem os livros da Fábrica de Histórias da autoria dos alunos, que tanto podem ser bebés como adolescentes, explicou Raquel Salgueiro, da equipa de coordenação da Fábrica de Histórias, durante a atribuição do prémio.

Em apenas uma década, a Fábrica de Histórias impulsionou o nascimento de "67 livros e filmes de animação" da autoria dos alunos, que foram criados a "várias mãos", contou Raquel Salgueiro durante a 5.ª Conferência Anual do Plano Nacional de Leitura (PNL), que está a decorrer na Fundação Calouste Gulbenkian.

A Fábrica de Histórias tenta promover a escrita, a leitura e as artes através da elaboração de um livro da autoria dos alunos, coadjuvados por professores e mediadores de diferentes áreas técnicas e artísticas.

"Foram mais de cinco mil horas de laboratório e oficinas em que estiveram ao nosso lado mais de 500 professores e educadores de infância", disse a responsável pelo projeto.

"A Fábrica de Histórias é um produto de produção da leitura da escrita e das artes. Já trabalhámos com bebés autores, crianças autoras e jovens autores. Nestes quase 10 anos, são já quase mais de 10 mil autores. Estão aqui potenciais 10 mil novos autores", disse.

O júri do Prémio Ler+, que reconhece personalidades ou entidades que se destacam pelo trabalho em prol do estudo e da melhoria dos índices de leitura dos portugueses e pela promoção do gosto pela leitura e pela escrita, decidiu galardoar este ano a Fábrica de Histórias ou, como lhe chamou Raquel Salgueiro, "a "fábrica feita de paredes de sonhos".

A presidente do Júri do Prémio Ler+, Isabel Alçada, salientou precisamente o trabalho que a equipa da Fábrica de Histórias "tem vindo a desenvolver ao longo dos anos" nas escolas em vários contextos e vários níveis educativos.

"Promovem o envolvimento dos alunos e professores na produção de histórias que envolve a leitura, envolve a escrita, envolve a edição, envolve a publicação, revisão e o audiovisual para construir as histórias de forma a que os potenciais leitores e escritores possam sentir do lado de dentro o que é criar", resumiu Isabel Alçada.

A presidente do júri salientou ainda o facto de, ao longo dos anos, o prémio ter sido sempre atribuído a entidades muito distintas nas "áreas mais variadas".

No primeiro ano, o prémio foi atribuído pelo trabalho realizado na área científica, sobre o estudo da área da leitura, depois foi galardoado um trabalho na área da intervenção cultural que era promotora de leitura e no ano passado o prémio chegou a uma rede de bibliotecas em Matosinhos, recordou Isabel Alçada.

Sobre a escolha do vencedor, a presidente do júri admite que "é difícil escolher: Como é que se compara uma rede de bibliotecas com uma entidade que faz investigação científica na área da leitura? É difícil".

Também Maria João Sampaio Cabral salientou a "diversidade absoluta" na escolha dos vencedores: "Ao longo dos quatro anos não há dois projetos iguais nem semelhantes", disse a Maria Cabral que hoje esteve em representação de Artur Santos Silva, presidente honorário do BPI e curador da Fundação "la Caixa".

Teresa Calçada, comissária do Plano Nacional de Leitura 2027, aproveitou para salientar que a "uma política de leitura não pode viver só do apoio do Estado mas também de patrocínios, de apoio e da responsabilidade social da sociedade civil, das empresas e das associações".

E por isso este ano foi "escolhida uma sociedade que tem provado fazer parte desta atitude, desta vontade de valorizar a leitura, a escrita e as literacias".

Também o secretário de Estado da Educação, João Costa, sublinhou que formar leitores é "uma tarefa de todos" e que, os últimos estudos, mostram que os alunos continuam a ter dificuldades em localizar informação num texto, em inferir o que estão a ler e a distinguir factos de opiniões.

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