Fundação Júlio Pomar entregou acervo ao Atelier-Museu e será extinta até final do ano

A Fundação Júlio Pomar, criada há vinte anos para guardar e divulgar a obra do artista, entregou todo o património que detinha ao Atelier-Museu, em Lisboa, e deverá ser extinta até ao fim do ano, segundo o seu presidente.

Lusa /

Contactado pela agência Lusa, Alexandre Pomar, filho de Júlio Pomar (1926-2018), indicou que o processo de encerramento, iniciado em 2023, "está prestes a ser formalizado pela tutela", aguardando apenas a confirmação da Secretaria-Geral da Presidência do Concelho de Ministros.

"Da parte da Fundação Júlio Pomar está tudo encerrado. Todo o espólio foi entregue ao Atelier-Museu, e também foi oficializada a transferência de propriedade" para a Câmara Municipal de Lisboa, referiu o responsável pela obra do pai, um dos artistas de referência da História da Arte portuguesa do século XX e início do século XXI.

A Fundação Júlio Pomar foi criada em 2004 para acolher doações da obra do artista, o que veio a acontecer em vários momentos, nomadamente em 2014, quando ainda em vida o autor doou à fundação com o seu nome cerca de 300 obras, incluindo pinturas, esculturas, desenhos e gravuras.

Nesse conjunto encontravam-se, entre outras obras, os óleos "Mulheres na Lota", de 1951, "Ponte de D. Luiz", de 1962, "Estudo em vermelho", de 1964, em acrílico e pastel sobre tela, "Mariza", de 2011, e "Fernando Pessoa e Alfredo Marceneiro", do mesmo ano.

Desde a decisão do encerramento da fundação em 2023, como a Lusa então noticiou - ligada à aposentação de Alexandre Pomar "e também aos reduzidos rendimentos anuais que não davam para ter uma administração profissionalizada ou ter funcionários" -, que o espólio foi sendo transferido para o Atelier-Museu onde já se encontrava muito do acervo, recordou o responsável à Lusa.

Também falta ainda formalizar a transferência da propriedade do espólio, através da aprovação pela Assembleia Municipal, acrescentou Alexandre Pomar que, nas várias atividades da Fundação, chegou a organizar exposições, editou três livros e geriu os direitos de autor do pai.

O património artístico em resultado das doações de Júlio Pomar, da viúva, Tereza Martha, e de Alexandre Pomar, está avaliado em mais de cinco milhões de euros, indicou.

Inaugurado em 2013 no centro histórico de Lisboa, o Atelier-Museu Júlio Pomar, dirigido pela curadora Sara Antónia Matos, foi criado pela CML sob gestão da Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural - Lisboa Cultura para exibir, divulgar e estudar a obra do artista, composta por pintura, escultura, cerâmica e colagens.

Ao longo de mais de uma década, o museu tem vindo a receber entre oito mil a dez mil visitantes por ano, e tem realizado exposições fora de Lisboa, nomeadamente no Porto, Foz Côa, Anadia, Arraiolos, Viana do Castelo, Loures e Torres Vedras.

O imóvel onde está instalado o museu, um antigo armazém do século XVII, próximo da Igreja de Nossa Senhora de Jesus, foi adquirido pela Câmara Municipal de Lisboa em 2000 com o objetivo de o recuperar para ali instalar o espaço dedicado ao estudo e divulgação da obra do artista.

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