Decorreram este domingo concentrações solidárias em todo o país na sequência das agressões e intimidações a atores do teatro A Barraca, por parte de um grupo de neonazis. Lisboa, Porto ou Coimbra foram algumas das cidades onde centenas de pessoas se uniram contra os discursos e crimes de ódio.
"Não queremos viver no país do medo" são as palavras de ordem desta concentração, que reuniu centenas de pessoas junto ao teatro A Barraca, em Lisboa.
“Nós achámos que não era possível que a agressão ao ator Adérito, a agressão a imigrantes, a agressão racista que se tem intensificado, não tivesse uma resposta de solidariedade e de normalidade democrática”, explicou à RTP Andreia Galvão, da organização.
“O país em que isso é normal ainda não é o país em que nós vivemos e faremos o possível para que nunca venha a ser”, vincou.
Andreia Galvão, que é também atriz, considera que o ataque ao ator revela que “os alvos dos neonazis ou da extrema-direita somos mesmo todas as pessoas” e não só os imigrantes.
“Esses grupos, sendo inconstitucionais, deveriam ser desmantelados”, defendeu ainda, dizendo ser “inconcebível que Luís Montenegro não tenha feito uma declaração sobre um ataque à cultura, um ataque ao ator de um teatro tão prestigiado”.
“O país em que isso é normal ainda não é o país em que nós vivemos e faremos o possível para que nunca venha a ser”, vincou.
Andreia Galvão, que é também atriz, considera que o ataque ao ator revela que “os alvos dos neonazis ou da extrema-direita somos mesmo todas as pessoas” e não só os imigrantes.
“Esses grupos, sendo inconstitucionais, deveriam ser desmantelados”, defendeu ainda, dizendo ser “inconcebível que Luís Montenegro não tenha feito uma declaração sobre um ataque à cultura, um ataque ao ator de um teatro tão prestigiado”.
Livre, PCP e BE marcam presença
Paulo Raimundo marcou presença na manifestação solidárias desta tarde, em Lisboa, e afirmou que a cultura não se deixa aprisionar.
O secretário-geral do PCP considera que a agressão ao ator Adérito Lopes é um crime de ódio.
Mariana Mortágua também participou e vincou que o crescimento da extrema-direita é preocupante. A coordenadora do Bloco de Esquerda acusou ainda o Governo de não condenar os mais recentes ataques no país.
O Livre disse, por sua vez, que é preciso combater o discurso de ódio e violência em Portugal. Jorge Pinto considera que o clima de medo está a crescer muito rápido.
“A sociedade está mesmo doente”
A atriz Rita Blanco também se juntou aos protestos, frisando que “a sociedade está mesmo doente” e condenando o Governo por não se pronunciar de forma mais firme.
“Não se bate em ninguém, mas quando se bate num ator – que são aquelas pessoas que trabalham com os outros, que querem que nós tenhamos todos capacidade para pensar, para imaginar, para sonhar – aí é que percebemos que a sociedade está mesmo doente”, declarou à RTP.
“As pessoas continuam a poder fazer isto tudo impunemente. Não eramos nós que devíamos estar aqui. Era o Estado, a impor-se sobre isto para não deixar que isto evoluísse mais”, acrescentou.
A atriz Rita Blanco também se juntou aos protestos, frisando que “a sociedade está mesmo doente” e condenando o Governo por não se pronunciar de forma mais firme.
“Não se bate em ninguém, mas quando se bate num ator – que são aquelas pessoas que trabalham com os outros, que querem que nós tenhamos todos capacidade para pensar, para imaginar, para sonhar – aí é que percebemos que a sociedade está mesmo doente”, declarou à RTP.
“As pessoas continuam a poder fazer isto tudo impunemente. Não eramos nós que devíamos estar aqui. Era o Estado, a impor-se sobre isto para não deixar que isto evoluísse mais”, acrescentou.
Em declarações à RTP, a atriz Rita Lello considera por sua vez que este protesto é uma demonstração de solidariedade para com o ator que foi agredido, mas também um protesto contra a escalada da extrema-direita e dos movimentos radicais.
A atriz critica a comparação que é feita entre a violência da extrema-direita e os protestos da extrema-esquerda e considera "preocupante" a ocorrência deste tipo de agressões, mais de 50 anos após o 25 de Abril.
“Estão a fazer o que há de mais hediondo, a destilar ódio e a fazer aquilo que eu nunca pensei na minha idade verificar”, lamentou.
Já uma participante no protesto em Lisboa frisou que “temos de lutar pela liberdade, por aquilo que muitos dos nossos antepassados fizeram durante anos contra o fascismo”.“Estão a fazer o que há de mais hediondo, a destilar ódio e a fazer aquilo que eu nunca pensei na minha idade verificar”, lamentou.
No Funchal, há uma manifestação a decorrer em frente ao teatro Baltazar Dias em solidariedade com o ator agredido na última terça-feira.
"Podia ter sido eu", refere uma das entrevistadas pela RTP junto ao teatro Baltazar Dias. Os manifestantes salientam a importância da liberdade de expressão e enfatizam que a criação "tem de ser sempre livre".
À RTP, os manifestantes expressam solidariedade com Adérito Lopes. "Podia ter sido eu", refere uma das entrevistadas pela RTP junto ao teatro Baltazar Dias. Os manifestantes salientam a importância da liberdade de expressão e enfatizam que a criação "tem de ser sempre livre".