Memórias do marechal Soult editadas pela primeira vez em português (C/ÁUDIO)

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Lisboa, 27 Jan (Lusa) - As memórias do marechal Nicolas Soult, que há 200 anos comandou a segunda invasão francesa a Portugal, são pela primeira vez publicadas em português com introdução e notas do historiador António Ventura.

"Memórias do Marechal Soult - sobre a guerra em Espanha e Portugal" é editado pela Livros Horizonte na colecção "Memórias de Portugal", onde anteriormente saíram as memórias de Massena, o último marechal napoleónico a entrar com tropas em Portugal, e o "Diário da I Invasão francesa", de Jean-Andoche Junot.

Soult, duque da Dalmácia, "é uma figura de primeiro plano, vindo a desempenhar papéis políticos de relevância posteriormente, e foi o único dos três que invadiram Portugal que escreveu um testemunho na primeira pessoa", disse à Lusa o historiador António Ventura.

O marechal francês "foi o causador indirecto do desastre da Ponte das Barcas" no Porto, mas procurou "uma política de aproximação às populações e de colaboração com as autoridades locais, tendo chegado a editar um jornal pró-Napoleão, o Diário do Porto".

Soult invadiu Portugal pela fronteira de Trás-os-Montes e Alto Douro em Março de 1809 e, depois de ter derrotado as forças inglesas na Corunha, venceu a batalha do Carvalho d`Este (Braga) e avançou até ao Porto, que ocupou, fixando "fronteira" no rio Douro.

O marechal "teve a preocupação de projectar uma imagem positiva de França e sobre os portugueses faz um juízo bastante mais benévolo do que dos espanhóis", assinalou Ventura.

O historiador observou ter "reservas" quanto à possibilidade de Nicolas Soult ter ambicionado cingir uma coroa de Rei de Portugal.

"Ele cumpria as ordens do Imperador, era um homem de Napoleão e, como todos, queria ser bem visto por ele. Há uma tendência para uma certa autonomia, mas, devido à especificidade da Península Ibérica e ao corte de comunicações, era difícil comunicar com Paris", explicou o historiador.

Soult, na opinião do historiador, "não escreve coisas desagradáveis sobre os portugueses, são [memórias] fundamentalmente de cariz militar, aparecendo poucas referências de natureza etnográfica ou geográfica".

Ventura indicou ainda que Soult "foi o único" dos três líderes militares que invadiram Portugal "que sobreviveu ao regime de Napoleão Bonaparte, tendo desempenhado as funções de ministro da Guerra e Primeiro-Ministro".

NL.

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