Morre Maria Isabel Barreno

A escritora e investigadora Maria Isabel Barreno morreu hoje, aos 77 anos. O Presidente da Repúbilca destaca a importância da autora na defesa dos direitos das mulheres e na vida cultural portuguesa.

Antena 1 /
Também o ministro da Cultura, numa nota de pesar divulgada pelo seu gabinete, lembrou "a riqueza do seu pensamento e o rigor dos seus princípios que em muito contribuíram para termos hoje uma sociedade mais justa, livre e igualitária".

Nascida em Lisboa a 10 de julho de 1939 e licenciada em Ciências Histórico-Filosóficas na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Maria Isabel Barreno será recordada como uma das "Três Marias", nome por que ficou conhecido o processo em que foram julgadas, durante o Estado Novo, pela escrita da obra de alegado "teor pornográfico", publicada em 1971.

Ao fim de mais de dois anos, o julgamento, acompanhado de perto pela imprensa internacional, terminou com a absolvição das três escritoras, já após a Revolução de 25 de Abril de 1974, e a obra passou a ser encarada não só como um tratado sobre os direitos das mulheres em Portugal mas, mais que isso, como "um libelo contra todas as formas de opressão", como a descreveu a escritora Ana Luísa Amaral em 2010, quando a obra foi reeditada pela Sextante, com anotações suas.

Trabalhou no Instituto Nacional de Investigação Industrial, foi jornalista e Conselheira Cultural para o Ensino do Português em França e publicou 24 títulos, entre romance e investigação na área da Sociologia.

Recebeu diversas distinções, entre as quais o Prémio Fernando Namora, pelo romance "Crónica do Tempo" (1991), e o Prémio Camilo Castelo Branco e o Prémio Pen Club Português de Ficção, pelo livro de contos "Os Sensos Incomuns" (1993), e em 2004 foi feita Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique.

"Vozes do Vento", sobre a história dos antepassados do seu pai em Cabo Verde, foi o último romance que publicou, em 2009, após uma pausa de 15 anos na escrita durante a qual desenvolveu atividades noutros campos artísticos, nomeadamente as artes plásticas, com várias exposições de desenho e tapeçaria. Depois, em 2010, editou ainda o livro de contos "Corredores Secretos (seguido de "Motes e Glosas")".

Maria Isabel Barreno será cremada no domingo, às 17:00, no cemitério dos Olivais.

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