Mulheres que Contam. Andreia Salvador

por Silvia Alves - RTP

Andreia Salvador é submarinista e a primeira militar portuguesa da classe de sargentos a finalizar este curso.

Ser submarinista significa ter como profissão mergulhar num espaço confinado durante semanas. Por companhia, um submarino repleto de homens.

Não sou mulher, e eles não são homens. Somos militares, somos seres humanos. E somos todos iguais, diz Andreia. Dito de outra maneira, estão todos no mesmo barco.

Andreia é uma mulher com sentido de humor, característica que transporta a bordo, onde há espaço para todo o tipo de personalidades.

Tem familiares na Marinha, onde sempre quis trabalhar.

Ser submarinista não é para qualquer uma, mas também não é, definitivamente, para qualquer um.

O curso é extremamente exigente, as navegações ainda mais, sobretudo quando se está em processo de aprendizagem. E o sistema de bordadas – 6 horas a trabalhar, 6 horas a descansar – faz com que se perca rapidamente a noção do dia e da noite.

Andreia Salvador está embarcada no NRP Tridente desde 2020, onde já fez cerca de 5 mil horas de missão.


Se bem que a vida a bordo seja muito parecida com aquilo que surge nos filmes, estes retratam, sobretudo, situações de guerra.

Se a guerra na Ucrânia veio acrescentar algum receio, ou a interrogação “e se a guerra chega até nós?”, Andreia Salvador responde com firmeza:

É para isso que nós somos treinados. É para isso que aqui estamos, e se tiver de dar o corpo às balas pelos meus, é o nosso papel. Se não seriamos uma marinha mercante, e não militar.
Os desenhos animados habituaram-nos à ideia de que os submarinos têm janelinhas, mas a bordo a única forma de se ver é com os ouvidos. A bordo, Andreia Salvador é responsável pelo sistema de armas, mas é também sonar chief.
Está habituada a ouvir/ ver toda a fauna aquática, desde baleias a camarões, passando por criminosos.

Debaixo de água, e dependendo das missões, há um certo “brincar às escondidas”, que não é lúdico. Em missões de tráfico humano ou de droga, muitas vezes o submarino está ali, a “vê-los”, e mais não contamos…

A Marinha portuguesa conjuga-se no feminino desde 1992 quando por alteração da Lei Militar se abriu a oportunidade de uma carreira na Marinha a todas as mulheres. Conheça um pouco desta história aqui:


A Marinha portuguesa é uma organização inclusiva, e divulga esses valores durante a formação.

Há 10 anos foi criado o Gabinete de Perspetiva de Género com esse intuito, assente nas valências: Igualdade, Conciliação da Vida Pessoal e Familiar, Formação e Área Operacional.

Talvez por isso, haja cada vez mais marinheiras – são já mais de 10% na nossa Marinha.
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