Ópera "O Rapaz de Bronze" em estreia mundial na Casa da Música

por © 2007 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A.

A Casa da Música (CdM) volta a ser palco de ópera, uma semana depois de "O Castelo do Duque Barba Azul", de Bela Bartok, com a estreia mundial, sábado, de "O Rapaz de Bronze", de Nuno Côrte-Real.

Esta ópera em um acto, inserida no Festival Novas Músicas da CdM, resulta de uma adaptação do conto homónimo de Sophia de Mello-Breyner Andresen, na sequência de uma encomenda da Casa da Música e do Teatro Nacional de S. Carlos (TNSC) - em colaboração com a Culturgest - ao jovem compositor português.

Com a adaptação feita por José Maria Vieira Mendes, autor do libreto, este "Rapaz de Bronze" ultrapassa muito as fronteiras do conto infantil em que é baseado, desenrolando-se num universo mais próprio dos adultos.

"Acho que as crianças terão alguma dificuldade em reconhecer o conto", disse Nuno Côrte-Real, acrescentando que os adultos, pelo contrário, não terão problemas em identificar-se com a acção dramática desta versão.

Com direcção de Cristoph König, à frente do Remix Ensemble, esta produção tem encenação de João Henriques, que para ela concebeu uma variação do projecto cénico especialmente concebido para "O Castelo do Duque Barba Azul", tendo por fundo a mesma instalação, um painel colorido de Pedro Cabrita Reis, concebido para este festival de novas músicas.

Apesar das diferenças entre as duas óperas, quer no plano da linguagem quer da escala e da dramaturgia musical, as fontes literárias de "Barba Azul" e "O Rapaz de Bronze" remetem ambas para elementos do mundo dos contos de fadas e do fantástico, o castelo e o jardim.

A personagem principal, Florinda, regressa ao jardim da sua infância muitos anos após o ter visitado pela última vez.

Guiada pelo Rapaz de Bronze, uma estátua que à noite se transforma no rei do jardim, Florinda recorda a noite em que um belo e vaidoso Gladíolo, revoltado pelo esquecimento a que é votado pela dona do castelo, organiza uma baile de flores.

Reúne uma comissão formada pela Rosa, o Cravo, a Orquídea, a Begónia e a Tulipa e convidou Florinda porque se os humanos usam flores nas suas jarras para abrilhantar as suas festas, as flores devem também usar os humanos para enfeitar os seus bailes.

A sugestão é feita pelo Rapaz de Bronze, a estátua do jardim, imóvel durante o dia mas que é o rei do jardim à noite, que nutre desde sempre uma paixão pela bela Florinda, filha do jardineiro do castelo.

Com desenho de luz de João Coelho de Almeida e figurinos de Ana Luena, as sopranos Eduarda Melo (Rapaz de Bronze), Alexandra Moura (Rosa), Ana Barros (Orquídea), as meio-sopranos Margarida Reis (Tulipa) e Nora Sourouzian (Florinda), os tenores Daniel Norman (Gladíolo) e João Sebastião (Begónia) e o barítono Job Tomé (Cravo) compõem o elenco de cantores desta ópera.

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