Sudoeste: à noite com música e de dia na praia

O segundo dia na Herdade da Casa Branca inclui uma ida à praia para a maioria dos festivaleiros. Outros abastecem-se no supermercado ou escolhem espalanadas. Um terceiro grupo procura carregar a bateria do telemóvel de forma gratuita, já que não vivem sem o aparelho. Relatos de um dia no Festival do Sudoeste.

Diana Palma Duarte, RTP /
A organização garante que no primeiro dia de festival passaram pelo recinto 30 mil pessoas Diana Palma Duarte, RTP

Enquanto a maioria se aperta na praia, alguns festivaleiros aguardam ansiosamente pela abertura das portas do recinto. No segundo dia do festival as baterias de telemóvel começam a fraquejar e no EcoPark está um carregador gratuito.

Joana Duarte, 17 anos, vem de Almada e está desde o fim-de-semana passado no parque de campismo. Tem óculos coloridos, o acessório que marca o Sudoeste 2009, e é caloira nestas andanças. Encostada a uma das poucas sombras da Herdade da Casa Branca, espera há 1h30 para entrar no recinto agarrada às grades que dividem o parque de campismo.

Joana e as amigas estão com pouca paciência para esperar para ter acesso ao carregador de telemóvel gratuito, mas sem outro remédio. Enquanto os seguranças não deixam passar, Joana vai contanto, o bom e o mau do Festival Sudoeste.

"O mau primeiro é não podermos entrar com garrafas de vidro que trazemos de fora porque os preços aqui são altos. E já deitámos comida fora por causa disso. Uma garrafa de água custa 1.50 e uma cerveja de 75 cl custa 5 euros. Além disso, as casas de banho deviam estar mais limpas e há poucos duches", diz.

O rol de aspectos positivos ia começar a ser enumerado mas, às 16h em ponto, abriram-se as portas e a meia centena de jovens começou a correr rumo ao EcoPark. Finalmente, voltaram a ter bateria para trocar as 1001 mensagens e chamadas da geração telemóvel.

A partir das 16h, o Sudoeste torna-se num parque de diversões com passatempos com direito a prémio.

Os placards ecológicos (simulando construções em troncos de madeira) já anunciam que esta noite há Mariza, Deolinda e pela madrugada, Zero 7.

Supermercado cheio, esplanadas cheias, praia...cheia

A Zambujeira continua a ser a vila oficial do Festival, ano após ano. As sevilhanas Mar e Angela não vão para a praia que se avista da esplanada porque preferem uma mais tranquila a uns quilómetros a pé.

A meio da tarde, centenas de festivaleiros identificam-se pela pulseira azul (que dá acesso ao recinto) e por irem todos no sentido da praia.

Mar, que também é uma estreante no Sudoeste, adorou conhecer Buraka Som Sistema. "Como se chama mesmo aquela banda de ontem?", pergunta. Não faz ideia do significado da palavra Kuduro mas nós explicamos.

"Venho cá porque uns amigos portugueses disseram que aqui havia um festival muito famoso. Aguardo para ver Madcom e Étienne de Grecy", explica.

Enquanto não há concertos, Mar abastece-se no único supermercado nas redondezas. Há muitos clientes, pouco espaço e alguma desconfiança. As malas e toalhas de banho ficam à porta, diz a funcionária Lúcia Gonçalves, por uma questão de controle. "Á noite encontramos embalagens de Bolicao sem o pão lá dentro, iogurtes usados às escondidas atrás das prateleiras, enfim, sabe como é ..."

A funcionária do mais popular supermercado nota. "Há pouco dinheiro nas carteiras dos festivaleiros porque eles tentam comprar sempre o que é mais barato". Mas com tanta clientela , esta não é a melhor altura para falar em crise.

Falar também não é com um grupo de polícias do corpo de intervenção da GNR, que recusou fazer comentários à RTP. Não estão autorizados, mas vão dizendo que estão ali "para proteger as pessoas e dar informações". Acompanhados por colegas da polícia marítima e de carrinha estacionada em frente à praia, davam nas vistas.

"Em tantos anos de Festival nunca os vi aí assim. Há sempre polícias na rua mas vestidos normalmente, não é como estes que trazem colete e tudo. Devem estar à procura de alguma coisa, se calhar, droga".

A GNE apreendeu, entre sábado passado e o dia de ontem, 169,13 gramas de haxixe, 8,9 gramas de cocaína e 4,8 gramas de liamba. Nada que perturbe as tribos festivaleiras que sobem e descem a avenida da praia da Zambujeira durante as horas de maior sol.

O areal tem lotação esgotada. Nada comparado com o que se experimentou no recinto ontem à noite, quando havia muito espaço na relva.

A primeira das quatro noites de Sudoeste esteve a "meio gás". Apesar de a organização avançar 30 mil participantes, deu e sobrou espaço para que todos dançassem, passeassem e cantassem à vontade.

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