Acionista da Groundforce garante que aceitou todas as exigências do Governo, executivo desmente

por Lusa
Manuel de Almeida - Lusa

O acionista da Groundforce Alfredo Casimiro anunciou, ao início da tarde de sexta-feira, que concordou com todas as exigências feitas pelo ministro das Infraestruturas para obter o empréstimo necessário para pagar salários a 2.400 trabalhadores. Pouco depois, o Governo desmentiu a informação e disse que o acionista não aceitou as condições para obtenção do empréstimo.

Os responsáveis da Pasogal, empresa de Alfredo Casimiro que detém 50,1% da Groundforce, foram recebidos esta manhã pelo secretário de Estado adjunto e das Comunicações, Hugo Mendes.

Em declarações à agência Lusa, garantiram esta tarde que aceitaram todas as exigências para desbloquear o empréstimo à empresa de handling, apresentadas pelo ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, na conferência de imprensa de quinta-feira.

No entanto, pouco tempo depois, o Governo acabou por desmentir estas informações. Segundo fonte oficial do gabinete de Pedro Nuno Santos, a Pasogal não só não aceitou as exigências, como colocou novas condições, que estão a ser objeto de análise.

Na quinta-feira, o ministro das Infraestruturas disse que o empréstimo bancário à Groundforce será dado por um banco privado, com aval do Estado, realçando que as exigências para o financiamento aguardado serão "as mesmas" que as impostas para o adiantamento pela TAP.

Questionado sobre a demora da operação, apontada pela empresa como justificação para o atraso no pagamento dos salários, o governante adiantou que "havia um conjunto de informação que estava a ser pedida [à empresa], mas não estava a ser dada e isso atrasou o processo".

"A disponibilidade para fazer essa operação existe", disse, referindo que "em princípio, [...] o empréstimo chega durante o mês de março".

Em comunicado divulgado na quinta-feira, o acionista privado da Groundforce adiantou estar "já negociado" o empréstimo bancário com aval do Estado, "de 30 milhões de euros das anunciadas linhas Covid".

Na conferência de imprensa, Pedro Nuno Santos sublinhou que "é preciso que se entenda que as exigências que a TAP está a fazer à Groundforce [para o adiantamento de 2,05 milhões de euros para pagamento de salários em atraso] são as mesmas que o Estado português exigirá pelo empréstimo bancário".

"Aquilo que está a ser recusado hoje acabará por ter de ser recusado na altura do empréstimo bancário, porque as exigências sao as mesmas", acrescentou.

Pedro Nuno Santos disse ainda que a Groundforce "tem dinheiro em caixa que lhe permitiria pagar metade dos salários dos trabalhadores".

"Sabemos que há cerca de 1,4 milhões de euros em caixa. Posso estar errado no valor, mas sabemos que há dinheiro em caixa desta dimensão", referiu.

O ministro das Infraestruturas e da Habitação considerou "inaceitável" a proposta do acionista privado da Groundforce (a Pasogal, de Alfredo Casimiro) de exigir manter o controlo da empresa em caso de execução da penhora da sua participação por incumprimento do pagamento da dívida à TAP.

Na conferência de imprensa na quinta-feira à noite, Pedro Nuno Santos explicou que o acionista privado da Groundforce, Alfredo Casimiro, aceitou um penhor das ações relativas à sua participação (50,1%, através da Pasogal) para receber um adiantamento de cerca de dois milhões de euros, mas exigiu - em caso de execução - manter o controlo da empresa de handling (assistência nos aeroportos), em que a TAP detém 49,9% do capital.

Este adiantamento visa permitir à empresa pagar os salários de fevereiro em atraso aos cerca de 2.400 trabalhadores.

"O acionista privado aceita transferir as ações, mas não que se tirem as consequências desta ação, isto é, perante o não pagamento à TAP e a execução da garantia, a TAP passaria a ser maioritária, mas o controlo manter-se-ia do acionista privado, que entretanto já era minoritário. Isto é inaceitável: aumentava a exposição, mas não garantia a proteção da TAP", declarou o governante.

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