Alentejo sem problemas de abastecimento público, excetuando pequenas aldeias

por Lusa

A região do Alentejo não deverá enfrentar problemas de abastecimento de água às populações este ano, devido à seca, excetuando pequenas aldeias do distrito de Beja servidas por furos e que costumam ser abastecidas por autotanques.

Segundo informações prestadas à agência Lusa pela empresa Águas Públicas do Alentejo (AgdA), não se preveem "situações preocupantes" de abastecimento público nos 20 concelhos da sua área de operação, com exceção de algumas aldeias do Baixo Alentejo.

A AgdA é responsável pelo abastecimento público de água em alta a 13 concelhos do distrito de Beja (Aljustrel, Almodôvar, Alvito, Barrancos, Beja, Castro Verde, Cuba, Mértola, Moura, Odemira, Ourique, Serpa Vidigueira), quatro de Évora (Arraiolos, Montemor-o-Novo, Vendas Novas e Viana do Alentejo) e três de Setúbal (Alcácer do Sal, Grândola e Santiago do Cacém).

A empresa refere que na sua área "existem, desde sempre, situações de escassez de água em vários sistemas de abastecimento que são ainda abastecidos por captações subterrâneas [furos] com baixa produtividade, sem reservas e muito dependentes da precipitação anual", como são os casos de pequenas aldeias nos concelhos de Mértola, Ourique e Odemira (Beja).

Atualmente, para "suprir as deficiências", a AgdA está a abastecer por autotanque as aldeias de Alcaria Ruiva e Penedos (Mértola), Santa Luzia (Ourique) e Relíquias (Odemira).

A empresa indica que tem em curso empreitadas, com conclusão prevista para este ano, que irão permitirão ligar os sistemas abastecidos por furos a outras origens de água, como as albufeiras do Enxoé (Serpa) e Monte da Rocha (Ourique).

A albufeira do Monte da Rocha, que abastece os concelhos de Castro Verde, Almodôvar e Ourique e parte dos de Odemira e Mértola e "aguarda" a construção da ligação ao Alqueva para "maior fiabilidade", "está com cerca de 12 hectómetros cúbicos de reserva, o que será suficiente para abastecimento público" este ano, "desde que não seja captada água para rega".

Nos restantes 17 concelhos da área da AgdA, "não existem situações preocupantes", frisa a empresa, sublinhando, no entanto, que "é muito importante que toda a população faça um uso consciencioso e uma utilização racional da água, sem desperdícios".

No concelho de Ferreira do Alentejo, o único do distrito de Beja cujo abastecimento de água em alta não é gerido pela Agda, mas pela autarquia, não há problemas de abastecimento de água devido à atual situação de seca, disse à Lusa o presidente do município, Luís Pita Ameixa.

No entanto, "não é de excluir que um grande prolongamento do período de seca possa criar problemas de abastecimento", admitiu o socialista Pita Ameixa, referindo que, "caso tal venha a acontecer, a câmara tem condições para efetuar reforços dos depósitos mais necessitados transvazando água entre os vários sistemas dentro do concelho" e, "em casos mais críticos, nunca verificados, admite-se também fazer isso adquirindo água fora do concelho".

No distrito de Évora, o presidente da Comunidade Intermunicipal do Alentejo Central (CIMAC), Carlos Pinto de Sá (CDU), previu a inexistência de problemas no abastecimento de água às populações dos 14 concelhos da região.

"A situação ainda não é preocupante e prevê-se que o abastecimento de água não tenha qualquer problema", afirmou Carlos Pinto de Sá, indicando que a CIMAC está "a acompanhar o problema" da seca e "a monitorizar as reservas" de água.

Pinto de Sá admitiu que "a situação se agrava à medida que passam os dias e as semanas e não chove" e que a seca pode obrigar à "tomada de decisões" para poupar água, mas frisou que o abastecimento às populações "estará em primeiro lugar, com prejuízo para os outros setores".

No norte alentejano, o presidente da Comunidade Intermunicipal do Alto Alentejo (CIMAA), Ricardo Pinheiro (PS), assegurou à Lusa que "não vai estar em causa" o abastecimento público de água às populações dos 15 concelhos do distrito de Portalegre.

No entanto, Ricardo Pinheiro insistiu na necessidade de construção da Barragem do Pisão, no concelho do Crato, projeto hidroagrícola reivindicado há dezenas de anos por vários setores.

"O facto de podermos ter mais uma reserva estratégica de água é estruturante, é um assunto que tem de ser pensado e discutido, porque assusta-me estarmos no final de março e não caí uma gota de água e não há uma estratégia para diminuir esta questão", disse o autarca socialista.

No litoral alentejano, nos concelhos de Alcácer do Sal, Grândola, Santiago do Cacém e Sines também não estão previstas restrições no abastecimento público de água devido à seca, disseram à Lusa os presidentes dos municípios.

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