Aumento global dos preços dos alimentos engrossa fortunas

por RTP
Nick Oxford - Reuters

A família ligada à empresa norte-americana de alimentos Cargill viu os lucros subirem de tal forma depois da guerra da Ucrânia eclodir que as fortunas dos seus elementos aumentaram um quinto este ano. Três irmãos, bisnetos do fundador da multinacional de cereais passaram a integrar a lista das 500 pessoas mais ricas do mundo.

A lista Bloomberg Billionaires das 500 pessoas mais ricas vivas tem mais três nomes associados, todos da família Cargill.

São os irmãos James Cargill, Austen Cargill e Marianne Liebmann, bisnetos de William Wallace Cargill, que fundou a empresa alimentar Cargill em 1865. Cada um deles tem uma fortuna estimada em 5,4 mil milhões de dólares e subiu um quinto, até agora, este ano.

A guerra interrompeu a produção e circulação de cereais da região do Mar Negro, onde a Ucrânia era uma dos países que mais exportava trigo. O salto nos preços globais dos alimentos desencadeado pela invasão da Ucrânia pela Rússia deu um empurrão à já rica família norte-americana.
Sucursal da empresa Cargill no Canadá| Twitter

Pauline Keinath e Gwendolyn Sontheim Meyer, outros dois bisnetos de Cargill já são residentes na lista dos 500 mais ricos, com fortunas estimadas em 8,06 mil milhões de dólares.

A empresa de alimentos Cargill emprega mais de 155.000 funcionários em 70 países e deve registrar lucros recordes este ano, ultrapassando os verificados em 2021 de 5 mil milhões de dólares.

A Cargill, que tem sede no Minnesota e registrou um aumento de 63% nos lucros no ano passado, que correspondem a 4,93 mil milhões de dólares. Nos 157 anos de história da multinacional este é o maior crescimento de receitas: 17%, que correspondem a 134 mil milhões de dólares.

A família controla cerca de 87% da empresa e é classificada como a 11ª família mais rica do mundo, com uma fortuna coletiva avaliada em 50 mil milhões de dólares.
"Salto gigantesco" dos preços
A ONU afirmou que a guerra na Ucrânia "espalhou um choque nos mercados de grãos básicos e óleos vegetais". Os preços dos cereais, óleos vegetais e carne atingiram recordes históricos, disse a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) que alertou para a subida do índice de preços de alimentos em 12,6% comparando março a fevereiro.

Os cereais contribuíram com 17 por cento neste acréscimo global devido ao estrangulamento das exportações ucranianas e russas.

Em março, os preços mundiais do trigo subiram 19,7% , e o preço do milho registou um aumento mensal de 19,1%, atingindo um recorde, juntamente com os da cevada e do sorgo. A FAO diz que estes valores deram "um salto gigantesco" e atingiram "o nível mais alto desde que a organização foi constituída em 1990".

A tendência da subida dos preços dos alimentos já estava em curso antes da invasão da Ucrânia por Vladimir Putin em fevereiro e de acordo com o presidente-executivo da Cargill, David MacLennan, estimam-se que os valores continuem altos ao longo de 2022.

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