Bruxelas aponta dúvidas e "progressos limitados" em várias áreas em Portugal

por Lusa
Rafael Marchante - Reuters

A Comissão Europeia tem dúvidas sobre a eficácia das medidas para baixar os pagamentos em atraso, diz que não houve progressos ao nível das pensões e que, na revisão da despesa e nas empresas públicas, os progressos foram "limitados".

Na opinião sobre o esboço orçamental de Portugal para 2018, publicada hoje, o executivo comunitário analisa aquilo que o Governo tem feito para responder às recomendações europeias feitas em julho e conclui que há ainda passos por dar, dando vários exemplos.

É o caso dos pagamentos em atraso, considerando Bruxelas que, "apesar de uma série de iniciativas para aumentar a eficiência no setor da saúde, continua pouco claro em que medida estas medidas vão contribuir para reduzir o fluxo dos pagamentos em atraso nos hospitais".

Também o exercício de revisão da despesa foi apontado por Bruxelas, que diz que "parece ter sido alcançado um progresso limitado para aumentar a abrangência da revisão da despesa, que agora também inclui a Justiça e a Administração Interna, bem como objetivos mais ambiciosos".
"Sustentabilidade" do sistema de pensões em causa
Relativamente às pensões, a Comissão é da opinião que, "no geral, não parece ter sido feito progresso parar melhorar a sustentabilidade do sistema de pensões", tendo em conta que se prevê para 2018 mais um aumento extraordinário e que as condições para aceder à reforma antecipada são agora "menos restritivas" para as muito longas carreiras.

Isto num contexto em que - segundo o executivo comunitário - "continuam pouco claras" quais as medidas que o Governo pretende tomar para compensar este aumento da despesa relativa a pensões.

Quanto ao setor empresarial do Estado, Bruxelas admite que os resultados líquidos "continuam a melhorar", embora "ainda não existam avanços concretos a nível de política".

Sublinhando que estão previstos para 2018 um novo sistema de monitorização das empresas detidas pelo Estado, bem como uma revisão dos contratos públicos e a continuação da redução do endividamento destas empresas, a Comissão conclui que "o progresso para melhorar os resultados líquidos globais e diminuir o peso [destas companhias] no Orçamento do Estado parece ter sido limitado".

A Comissão Europeia considerou hoje que o esboço orçamental para 2018 de Portugal "pode resultar num desvio significativo" do ajustamento recomendado, pelo que há "riscos de não cumprimento" dos requisitos do Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC).

Em concreto, o executivo comunitário identificou um "risco de não cumprimento" do ajustamento necessário para alcançar o Objetivo de Médio Prazo (de 0,25% do Produto Interno Bruto - PIB) "tanto em 2017 como em 2018".

Nesse sentido, Bruxelas "convida as autoridades a tomar as medidas necessárias dentro do processo orçamental nacional para garantir que o orçamento de 2018 vai estar em conformidade com o PEC".
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