Câmara de Comércio da UE na China insta Pequim a cumprir promessas de reforma
A Câmara de Comércio da União Europeia (UE) na China instou hoje Pequim a "cumprir as promessas de reforma" e apontou "um declínio" na atratividade do país para os negócios.
A associação empresarial apontou que, embora sentissem "algum desconforto" quando investiram num mercado novo e emergente como a China, as empresas da UE acreditam agora que muitos dos problemas "são características permanentes", de acordo com um documento de posição para 2024-2025.
"Muitos investidores estão a enfrentar a realidade de que a sua abordagem ao mercado chinês exige um repensar estratégico", disse o presidente da Câmara, Jens Eskelund, numa conferência de imprensa, aquando do lançamento do relatório.
De acordo com Eskelund, "para um número crescente de empresas, atingiu-se um ponto de viragem, porque os desafios de fazer negócios aqui estão a começar a superar os benefícios".
No documento, o grupo referiu que a principal preocupação é o próprio abrandamento económico do país ou as dúvidas de que o Governo chinês tenha um plano credível para impulsionar a procura interna ou concretizar as reformas prometidas, "o que está a diminuir o apetite para investir no país".
A Câmara de Comércio da UE queixou-se de que as empresas europeias têm de "enfrentar concorrentes chineses injustamente subsidiados, um ambiente empresarial altamente politizado, centrado na segurança nacional e na autossuficiência, e barreiras perpétuas ao acesso ao mercado".
Em resposta a uma pergunta sobre as recentes tensões comerciais entre a China e a UE, Eskelund afirmou existir "uma perceção clara de que a globalização não está a beneficiar a Europa e a China da mesma forma que devia" e que é preciso "garantir que os mercados funcionam de forma justa".
"Há situações em que, de acordo com os princípios da Organização Mundial do Comércio (OMC), há razões para impor tarifas", argumentou, referindo-se às taxas alfandegárias impostas por Bruxelas sobre a importação de veículos elétricos chineses, para contrariar os subsídios atribuídos por Pequim aos fabricantes chineses.
Eskelund defendeu ser preciso ter em conta que, ao longo de todos estes anos, "a China também não tem sido alheia à introdução de tarifas".
Quanto ao investimento direto estrangeiro na China, o responsável afirmou que "existem sinais positivos de que a China pretende resolver alguns dos problemas enfrentados pelas empresas estrangeiras".
A situação exige "mais ação por parte do Governo chinês e não mais planos de ação", disse.
"Até agora, os progressos foram limitados e alguns membros da Câmara já começaram a transferir investimentos anteriormente planeados para a China para outros mercados, a fim de aumentar a resiliência da cadeia de abastecimento, tirar partido de custos de mão-de-obra comparativamente mais baixos e proteger-se contra futuros choques geopolíticos", referiu o relatório.