Centrais sindicais exigem revisão de prioridades na política económica
Os últimos dados do gabinete de estatísticas da União Europeia sobre o desemprego em Portugal, que apontam para uma taxa de 10,4 por cento no termo do ano passado, levam as centrais sindicais a imputar responsabilidades ao Governo de José Sócrates. Se a CGTP fala de “ineficácia” das políticas do Executivo, a UGT afirma que a prioridade “não é o défice, é o desemprego”.
Segundo os dados do Eurostat, a taxa de desemprego em Portugal ascendeu aos 10,4 por cento em Dezembro de 2009. No mesmo período, o desemprego no conjunto dos 16 países da moeda única atingiu os dez por cento, contra 9,9 por cento em Novembro.
Nos 27 Estados-membros da União Europeia, a taxa de desemprego ascendeu aos 9,6 por cento em Dezembro. Um mês antes a taxa fixava-se em 9,5 por cento e, no período homólogo de 2008, era de 7,6 por cento. Em Dezembro de 2009, 23,012 milhões de pessoas estavam sem emprego na União Europeia. Na Zona Euro, havia 15,763 desempregados.
Aumento do desemprego sublinha "ineficácia" do Governo
A CGTP vê nos números do gabinete de estatísticas da União Europeia a ilustração da "ineficiência" do Executivo de José Sócrates. Américo Carlos, da Intersindical, sustenta que é necessário dar mais atenção às políticas sociais e rever o rumo das polícias económicas prosseguidas pelo Governo.
"O aumento do desemprego confirma a ineficiência, diríamos mesmo a ineficácia, de muitas das medidas que o Governo tomou em 2009 e, por outro lado, implica também uma reflexão profunda sobre a necessidade de neste momento se dar uma resposta objectiva, reforçando a protecção social dos desempregados, particularmente os jovens", afirmou à Antena 1 o sindicalista.
O dirigente da CGTP coloca a tónica na necessidade de enveredar por uma "visão estrutural para dar resposta a problemas estratégicos do país, que passam necessariamente pela dinamização do sector produtivo e simultaneamente pela alteração desta matriz de crescimento que continua a ser responsável, devido à precariedade, pelo elevado desemprego com que somos confrontados".
"Não é o défice"
Já o secretário-geral da UGT, João Proença, insta o Executivo a fazer uma revisão de prioridades em matéria de política económica. Isto porque a "prioridade número um não é o défice".
"O desemprego tem de ser colocado como a prioridade número um da política económica e social do Governo. Não é o défice. É o desemprego", frisou o dirigente da União Geral de Trabalhadores, em declarações à rádio pública.
"Temos de ter políticas de crescimento, competitividade e de emprego. Temos de ter políticas relacionadas com a redução do défice, mas tendo sempre presente que temos de combater este insustentável nível de desemprego que ocorre em Portugal", concluiu.
Projecções mantêm-se
O secretário de Estado do Emprego, Valter Lemos, classifica de "preocupante" a taxa de desemprego de 10,4 por cento, mas afirma ser possível concretizar a estimativa de 9,8 por cento.
"Os números do desemprego são sempre preocupantes, não só em termos globais mas também em termos pessoais", reagiu Valter Lemos, acrescentando que "é possível concretizar os 9,8 por cento previstos no Orçamento do Estado".
"É acertado apontar para este cenário", reforçou o governante, citado pela agência Lusa.
O secretário de Estado não deixa, contudo, de sublinhar que a meta "está dependente do crescimento da economia", pelo que não é possível prever quando é que o desemprego vai começar a decrescer.