Cinemas europeus expressam "forte oposição" a compra de Warner Bros. por Netflix
A União Internacional de Cinemas (UIC) expressou hoje a sua "forte oposição" à compra dos estúdios de cinema e televisão da Warner Bros. Discovery pela Netflix, alertando para a consequência de uma redução do número de filmes em salas.
Em comunicado, a presidente executiva da UIC, Laura Houlgatte, afirmou que, caso se concretize o negócio anunciado hoje, representará "um risco a dobrar".
"Se um estúdio desaparece, isso inevitavelmente significa que os cinemas vão ter menos filmes para exibir às suas audiências, o que leva a uma redução de receita, encerramentos de cinemas e perdas de postos de trabalho na indústria", afirmou aquela responsável, acrescentando que, "de muitas formas, isto é pior do que a compra de um estúdio por outro".
Houlgatte lembrou que, "quer nas suas palavras quer nas suas ações, a Netflix tem repetido de forma clara que não acredita nos cinemas e no seu modelo de negócio".
Citado no mesmo texto, o presidente do conselho de administração da UIC, Phil Clapp, apelou aos reguladores para que avaliem a compra à luz dos potenciais riscos que o negócio representa e as eventuais consequências para o setor da exibição de cinema, alertando para um "impacto profundamente danoso para a paisagem cultural da Europa".
"A UIC vai fazer tudo ao seu alcance para tornar esses potenciais impactos -- e a sua forte oposição ao negócio -- claros para todas as autoridades na Europa e além dela", realçou o presidente da UIC, que tem entre os seus membros a NOS Cinemas e o grupo AMC.
A Netflix vai comprar o estúdio de cinema e televisão Warner Bros. por cerca de 83 mil milhões de dólares (71,27 mil milhões de euros), incluindo a plataforma de `streaming` HBO Max, anunciaram hoje as duas empresas em comunicado conjunto.
A publicação especializada Variety classificou o negócio como um momento que vai "refazer de forma dramática o negócio do entretenimento".
Já o Financial Times (FT) escreveu que a compra vai transformar a Netflix "no ator dominante de Hollywood, ao acrescentar uma atrativa biblioteca de conteúdo que inclui as franquias Harry Potter e Batman, o negócio de `streaming` da Warner Bros. Discovery e a programação `premium` da HBO".
Nesse mesmo comunicado, a Netflix indicou que pretende manter as operações atuais da Warner Bros. e "construir sobre as suas forças", incluindo os lançamentos dos filmes em sala.
Segundo a Variety, a Warner Bros. tem em curso acordos para lançar filmes nos cinemas até 2029.
O FT lembra que o acordo tem de ser aprovado pelos acionistas da Warner Bros. Discovery e pelos reguladores, havendo uma expectativa de que esteja fechado dentro de 12 a 18 meses.