Economia
Comboios parados. Segundo dia de greve na CP com adesão total
A adesão ao segundo dia de greve dos trabalhadores da CP - Comboios de Portugal era, às 7h30 desta quinta-feira, de 100 por cento, com toda a circulação parada, segundo os sindicatos.
"Tal como no primeiro dia de greve, a adesão é de 100 por cento. Não houve desenvolvimentos. Não houve cedências nem da parte do Governo, nem da parte da CP, portanto a greve mantém-se", disse à agência Lusa Júlio Marques, da Associação Sindical das Chefias Intermédias de Exploração Ferroviária (ASCEF), que integra os 14 sindicatos que convocaram a greve.
Esta paralisação foi convocada contra a imposição de aumentos salariais "que não repõem o poder de compra", pela "negociação coletiva de aumentos salariais dignos" e pela "implementação do acordo de reestruturação das tabelas salariais, nos termos em que foi negociado e acordado", segundo os sindicatos (14).O presidente do sindicato dos Maquinistas, António Barata Domingues, considerou esta manhã, no programa da RTP Bom dia Portugal, que não não há qualquer impedimento legal para o governo tomar decisões sobre a CP.
"Não há nenhuma limitação legal que impeça o Governo de honrar os compromissos assumidos com os sindicatos", segundo António Barata Domingues houve uma reunião com o executivo na passada segunda-feira, "onde foi apresentada uma proposta muito abaixo do que estava previsto". "Até apresentaram um valor para chegarmos a acordo. Só que é um valor muito residual".
A reação do sindicato dos Maquinistas surge depois do ministro das Infraestruturas ter afirmado, na quarta-feira, que a greve prejudica as finanças da CP e de ter acusado os sindicatos de “parar o país por interesse político”.
“[Os sindicatos] conseguiram parar o país por interesse político e tem a ver com o ‘timing’ em que estamos, em eleições”, acusou Miguel Pinto Luz. Para o governante, a paralisação “só serve os interesses dos sindicatos” e não os da empresa e dos seus trabalhadores.
“Mas mais importante - e é a mensagem que quero deixar aqui - não serve os portugueses, centenas de milhares de portugueses foram prejudicados”.
Segundo Miguel Pinto Luz, "há cerca de 700 mil portugueses que andam de comboio todos os dias, mas todos aqueles que se deslocam de carro, de autocarro, foram prejudicados. Porque há mais filas de trânsito. São horas e horas no trânsito".
"A CP foi também prejudicada do ponto de vista financeiro, porque pede receitas, nestes dias. Portanto saem todos prejudicados", frisou.
O Tribunal Arbitral do Conselho Económico e Social não decretou serviços mínimos para esta greve, uma decisão que a empresa adiantou na quarta-feira ter contestado junto do Tribunal da Relação de Lisboa, tendo em conta que a paralisação afeta o acesso ao trabalho, saúde e educação. "A CP - Comboios de Portugal lamenta os graves transtornos e impactos que as greves em curso estão a trazer ao dia a dia de todos os seus clientes", afirmou, em comunicado, acrescentando estar consciente dos danos causados.
A greve foi convocada pela Associação Sindical das Chefias Intermédias de Exploração Ferroviária (ASCEF), a Associação Sindical Independente dos Ferroviários da Carreira Comercial (ASSIFECO), a Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações (FECTRANS), o Sindicato Nacional dos Transportes Comunicações e Obras Públicas (FENTCOP), o Sindicato Nacional dos Ferroviários do Movimento e Afins (SINAFE), o Sindicato Nacional Democrático da Ferrovia (SINDEFER), o Sindicato Independente dos Trabalhadores Ferroviários das Infraestruturas e Afins (SINFA), o Sindicato Independente Nacional dos Ferroviários (SINFB), o Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Transportes e Indústria (SINTTI), o Sindicato Independente dos Operacionais Ferroviários e Afins (SIOFA), o Sindical Nacional de Quadros Técnicos (SNAQ), o Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Setor Ferroviário (SNTSF), o Sindicato dos Transportes Ferroviários (STF) e o Sindicato dos Trabalhadores do Metro e Ferroviários (STMEFE).
A esta paralisação junta-se a que foi convocada pelo Sindicato dos Maquinistas (SMAQ) e a convocada pelo Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante (SFRCI).
Serão assegurados os serviços necessários à segurança e manutenção do equipamento e das instalações, os serviços de emergência, os comboios de socorro e todas as composições que tenham iniciado a sua marcha deverão ser conduzidas ao seu destino.
c/ Lusa