Há margem no Orçamento do Estado para aumentar os salários dos funcionários públicos em 1,8 por cento.
Conversa Capital com Paulo Trigo Pereira, economista
Mais: acredita que há margem para acomodar no défice previsto essa atualização salarial, porque numa primeira análise às contas, o aumento de 1,8 por cento representaria menos de uma décima, e essa folga existe.
Ou seja, caso se verifique, como tudo indica, que a projeção das receitas fiscais é superior ao que consta da proposta do Orçamento do Estado, isso significaria, segundo o economista, que para atingir o mesmo défice orçamental de 1,9 por cento, ainda seria possível não só aumentar os salários da função pública, como dar mais apoios às famílias e às empresas. Neste contexto, Paulo Trigo Pereira prevê que a projeção do défice seja inferior ao que o governo orçamentou e espera que com isso o Executivo não esteja a pretender fazer um brilharete orçamental. Admite que a consolidação orçamental deve ser feita, mas não a um ritmo acelerado. E deixa um alerta destacando que este ano a política orçamental é neutra, mas para o ano a previsão é de uma política contracionista que, espera, não venha a acontecer.
De resto, as medidas anunciadas pelo governo para compensar as famílias não atenuam o custo de vida, e significam perda de poder de compra para as classes média e média baixa.
Entrevista conduzida pelos jornalistas Rosário Lira, da Antena1 e Susana Paula do Jornal de Negócios.